Avaí - A Terra de Araribá, localizada em Avaí, celebra nesta terça (19) a cultura indígena por meio de atividades de valorização das tradições, compartilhadas com os chamados "povos não indígenas". Entre os desafios enfrentados pelas famílias, citados por uma liderança, estão a busca por uma economia sustentável em meio a pandemia, o investimento na formação das crianças e jovens e a conquista de espaço em meio às discussões políticas que afetam os indígenas. 

Na aldeia Kopenoti, as comemorações começam às 9h, com apresentação de danças típicas abertas a toda a comunidade. O cacique da aldeia, Chicão Terena, considera fundamental esse trabalho de preservação dos costumes e da vida em comunidade. "A gente sofreu bastante assimilação dos costumes não indígenas, mas não deixamos de praticar nossa cultura. E isso é muito importante", declara.

Ele conta que a pandemia comprometeu o trabalho dos artesãos e fez com que os indígenas buscassem novas formas de subsistência, como o investimento na agricultura familiar, com plantio de batata-doce, mandioca, abobrinha e hortaliças. Para a viabilização dessa atividade, Chicão cita a necessidade da busca de subsídios governamentais para compra de sementes e insumos.  

"Esses produtos produzidos na aldeia são para a subsistência das famílias que moram nas terras indígenas. O excedente é comercializado para fins de geração de renda para que as famílias possam suprir suas necessidades básicas", ressalta. Outra dificuldade elencada por ele é o desafio de desenvolver ações que possam ajudar crianças e jovens a preservarem sua cultura.

Segundo o cacique, as alterações ambientais impactam de forma negativa na relação entre o indígena e sua terra. "Hoje, não temos mais mata, não temos mais rios para pescar", diz. "Nós, enquanto indígenas, temos esse compromisso de conversar com nossas crianças e jovens no sentido de valorizar nosso espaço de terra, a reserva e desenvolver projetos de recuperação ambiental". A formação humana e profissional dos jovens também é elencada por ele como prioridade. De acordo com Chicão, a Aldeia Kopenoti conta com um Centro de Formação de Atletas Indígenas, que oferece aulas de futebol para crianças e adolescentes e permite que eles possam viajar para outras cidades e receber equipes de fora.

O cacique destaca a importância da resistência das comunidades de Araribá e da luta por uma maior participação dos indígenas nos debates políticos e decisões que influenciam na cultura e na vida dos povos indígenas. "O indígena faz parte desse País. A gente quer ser ouvido e respeitado pelas autoridades no sentido de poder ajudar no crescimento do Brasil", pontua.