A Coluna Animal dessa semana vai tratar de Nise da Silveira, personalidade que voltou a ser falada na mídia porque seria inscrita no livro de "Heróis e Heroínas da Pátria" após indicação do Senado Federal. No entanto, acabou não sendo por escolha do Presidente da República, vetou a justa e singela homenagem tamanha contribuição da Doutora Nise.

Afinal, quem foi Nise da Silveira? Mulher nascida em Alagoas em 1905, estando sempre à frente do seu tempo. Uma personalidade e que cursou Medicina, especializando-se em Psiquiatria. Vencedora, pois neste período da história, as mulheres não tinham escolaridade de nível superior, não havia acesso. A Doutora Nise, foi a única mulher de 158 alunos da Faculdade de Medicina da Bahia da turma entre 1921-1926. Reconhecida mundialmente por sua contribuição à psiquiatria, revolucionou o tratamento de saúde mental no Brasil e consequentemente no mundo, enfrentando muita resistência da psiquiatria clássica de sua época. Foi aluna de Carl Jung e escritora.

E qual sua relação com os cães e gatos? A Dra. Nise, entendia que a arte, assim como o contato de seus pacientes com cães e gatos eram essenciais para que os seus "clientes", sim, clientes os chamava pelos nomes, a fim de reforçar a relação de troca.

Além de tratamentos em saúde mental inovadores e humanizados na área da Psiquiatria, Dra. Nise deixou um grande legado como o Museu das Imagens do Inconsciente (1952), um dos maiores, senão o maior, acervo do mundo de arte dessa natureza, produzidos pelos seus clientes, frequentadores de seu ateliê, que se tornou um dos maiores centro de estudos e pesquisa para as mais diversas áreas do conhecimento.

A Coluna Animal entende que a Doutora Nise da Silveira, por toda sua consideração com os cães e gatos e com os animais humanos e sua recuperação, não apenas merecia essa justa e singela homenagem, singela pois ela merecia muito mais por toda a contribuição que deu a Medicina Psiquiátrica, e sobretudo por ter lutado pela liberdade de expressão contra forças autoritárias em tempos sombrios como os que vivemos hoje, com a imposição de uma verdade absoluta, inquestionável e opressora.

Créditos: Associação Junguiana do Brasil.