Wagner Teodoro

Uma noite em 2002

05/06/2022 | Tempo de leitura: 3 min

A data é 14 de junho de 2002. Uma sexta-feira. O local é Bauru, mais precisamente o ginásio Panela de Pressão. O barulho é ensurdecedor. Em quadra, a decisão do título brasileiro de basquete masculino. O Tilibra/Copimax vence a partida por 77 a 69 e, de maneira inédita, se torna campeão nacional, superando Araraquara por 3 a 0 na série melhor de cinco. O ginásio, completamente lotado, vai ao delírio. Nunca vi o Panela tão cheio quanto nas finais do Campeonato Paulista de 1999 e Nacional de 2002. Se você esteve lá, sabe do que estou falando. Se não esteve, pode imaginar. Diante de uma multidão extasiada, o time bauruense escrevia seu nome no rol dos campeões brasileiros.

Mas para falar do primeiro título nacional do basquete masculino de Bauru, é preciso voltar dez anos no tempo daquele 2002. Início da década de 1990 e dois amigos assistem juntos à final do Estadual. Vendo a partida, decidem embarcar no sonho de ter uma equipe competitiva, no alto rendimento, em Bauru. Os nomes do espectadores: Caio Coube e José Martha. Daquela conversa nasceu o campeão nacional de 2002.

Em 1994, a parceria Tilibra-Luso ganhou corpo. No processo de evolução, conquistou o acesso à elite estadual, em 1996, com título da segunda divisão, batendo Jacareí. Em outubro de 1998, chegaria o personagem que conduziria a trajetória de ascensão a uma das potências da modalidade no Brasil: o técnico Guerrinha. Um título paulista, em 1999, e um vice do Sul-Americano e estadual, respectivamente, em 1999 e 2000, depois, e o Tilibra/Copimax atingiu seu ápice naquele 14 de junho, erguendo o troféu nacional.

Os campeões

Sob comando de Guerrinha, o Tilibra/Copimax realizou campanha irrepreensível no Campeonato Brasileiro de 2002, era CBB e pré-Novo Basquete Brasil. O elenco campeão contava com Raul, Leandrinho, Fernando Reis, César, Vanderlei, Jeffty Connelly, Soró, Zezinho Martha, Quiroga, Marquinhos, Brasília, Josuel, Everaldo e Murilo.

Os titulares eram Leandrinho, Vanderlei, Jeffty, Brasília e Josuel. Leandrinho, ainda garoto e apontado como promessa do basquete brasileiro - foi eleito a revelação do Nacional de 2002 -, já fazia, em alta velocidade em Bauru, o que mostrou na NBA, liga para a qual foi no ano seguinte e marcou época defendendo o Phoenix Suns e conquistando seu anel pelo Golden State Warriors, entre as equipes nas quais jogou nos Estados Unidos.

Vanderlei, atual dirigente do Bauru Basket, levava para quadra a principal artilharia daquela equipe. O ala anotou 1.009 pontos no Nacional de 2002 e foi eleito o melhor jogador daquela edição da competição. Brasília, Josuel e Jeffty, além de Raul e Everaldo, fundamentais na rotação da equipe, agregavam com suas características para o volume coletivo, grande destaque do time campeão. Entre os jovens do elenco, que buscavam aproveitar a sua minutagem em quadra, os que se consagraram foram Marquinhos, então ainda Marcus Vinícius, e Murilo, ambos chegando à Seleção Brasileira.

Campanha

A conquista do Tilibra/Copimax foi incontestável. O time bauruense fez uma das melhores campanhas da história do Nacional. Foi líder da fase de classificação, vencendo 27 de 32 partidas. No total, foram 36 vitórias em 44 jogos e apenas um tropeço em casa em 23 confrontos - para o Minas. Nos playoffs, a equipe ganhou todas os duelos em Bauru, mostrando a "química time-torcida" no Panela de Pressão.

Nas quartas de final superou o Minas por 3 a 1. Aí, encarou o maior desafio. Em série eletrizante, eliminou o Ribeirão Preto por 3 a 2, em confronto acirrado demais e tenso, fechando diante da torcida bauruense. Foi para a final como favorito para encarar Araraquara, sexto colocado na primeira fase, que havia surpreendido, crescido no mata-mata, e passado pelo Uberlândia, terceiro, e Vasco, segundo.

As surpresas pararam por ali. O Tilibra/Copimax não deu margem para "zebras" e varreu um time que tinha Arnaldinho, Pipoka, Luís Fernando, Márcio e André Bambu, entre outros. Era o apogeu de um projeto que atingiu o topo do basquete nacional de forma meteórica. Lá se vão 20 anos de uma noite em 2002...

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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