
As placas antes luminosas já não acendem mais. Mas os dizeres contidos nelas remontam aos quase 50 anos de história da costelaria Convívio. O restaurante, que movimentou por gerações a famosa esquina do Parque Vitória Régia com a praça José Antônio Miziara, fechou as portas em fevereiro deste ano. Vítima, segundo seus proprietários, de um período de dificuldades que foi acentuado pela alta de preços e por prejuízos computados durante a pandemia.
Última dona do local, que teve pelo menos outras duas famílias à frente ao longo de sua existência, Sarah Miriam Sinhorilio conta com tristeza os últimos momentos do negócio de quase cinco décadas.
"Tentamos de todas as formas salvar o Convívio, até nos endividamos por causa disso. Chegou uma hora que não dava mais. A pandemia nos prejudicou muito. Ficamos 1 ano e 3 meses fechados, não conseguimos adequar as entregas. Além disso, os preços das coisas subiram muito. Meu marido (Daniel Sinhorilio), braço direito no negócio, ficou doente e ainda havia a necessidade de reforma no prédio. Então, juntou tudo", conta a empresária.
As características peculiares do restaurante, com mesas entre as árvores e em meio ao movimento das ruas e do parque, pesaram para a decisão de compra do local pela então investidora, que assumiu o Convívio em 2017.
Outra particularidade que chamava a atenção da empresária era o perfil dos frequentadores.
"A maioria dos clientes era freguês daquele lugar há anos, há décadas. Apareciam juízes, políticos e gente envolvida com Bauru. Domingo era dia de Convívio, casais que noivaram e até casaram ali costumavam aparecer", lembra Sarah Sinhorilio.
'SAUDADE'
A placa de aluga-se na fachada do prédio entristece especialmente Adauto Prevente, que atuou por ininterruptos 20 anos como funcionário do Convívio. Ele, inclusive, foi o último a ser dispensado do local e apenas após o baixar das portas.
"Fiz muitos clientes e amigos aqui. O Convívio faz parte de quem eu sou hoje. Tenho muito a agradecer, mas também lamento pelo fechamento desse local tão histórico", comenta o ex-funcionário.
Tristeza compartilhada pela empresária. "Ficamos com o coração na mão pelo Adauto quando tivemos que fechar. Ele foi nosso fiel escudeiro no bar, nos ajudava muito. Foi muito triste ter que dispensá-lo. Aliás, ainda não me conformo que fechamos", finaliza Sinhorilio.