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População acima de 60 já supera a de crianças e pré-adolescentes em Bauru

Tisa Moraes
| Tempo de leitura: 3 min

O padrão etário da população de Bauru está passando por transformação e, neste ano, alcançou uma marca importante. Segundo dados da Fundação Seade, o número de moradores com 60 anos ou mais ultrapassou a quantidade de crianças e adolescentes com até 14 anos. Para se ter ideia, para cada 100 habitantes que estão na infância ou pré-adolescência, há 107 que já alcançaram - há pouco ou muito tempo - a chamada terceira idade.

Assim, Bauru figura como uma cidade com maior nível de envelhecimento populacional na comparação com a média estadual, que é de 100 crianças e adolescentes até 14 anos para 86,7 moradores com 60 anos ou mais. No Estado, entre 1950 e 2022, a proporção de idosos aumentou de 4,4% para 16,2% do total de habitantes, o que equivale a 7,313 milhões de pessoas da terceira idade em 2022.

Já em Bauru, a estimativa é de que haja, atualmente, cerca de 66,7 mil moradores a partir de 60 anos, o que corresponde a 18,2% da população geral, de 366,8 mil habitantes, segundo o Seade. Já crianças e pré-adolescentes correspondem a aproximadamente 62 mil habitantes, ou 16,8% do total populacional.

O processo de envelhecimento do bauruense - que vem provocando a inversão da pirâmide etária, assim como já ocorreu em países desenvolvidos, como os da Europa - acompanha uma tendência nacional. Porém, conforme apontam os dados da fundação, na cidade, este movimento ocorre de forma mais acelerada.

Para o professor de geografia Marcio Martins, alguns motivos ajudam a explicar o fenômeno, entre eles o fato de Bauru ser polo regional, com custo de vida mais alto e grande contingente de trabalhadores que atua na cidade, mas fixou residência em municípios vizinhos. "Empresas de recuperação de crédito são um exemplo disso. Elas contratam muitos jovens da região, que não moram aqui", argumenta.

FALTA DE POLÍTICAS

Além disso, ele menciona que, por ser polo universitário, Bauru abriga uma população flutuante de milhares de estudantes, que permanecem por alguns anos no município, mas sem serem computados como habitantes pelos institutos de estatísticas. "E, assim que se forma, normalmente, esta mão de obra jovem vai embora da cidade. A meu ver, falta um plano de continuidade política para gerar empregos não apenas em serviços, como tem ocorrido, mas também em outros setores", analisa Martins.

Como exemplo, ele cita a necessidade de atrair mais indústrias, o que ajudaria a reter um número maior de pessoas em idade economicamente ativa, inclusive aquelas com mão de obra mais qualificada. "De maneira involuntária, por falta de atrativos para os mais jovens, estamos antecipando uma lógica de envelhecimento populacional, que irá ocorrer no mundo todo. Até 2045, a população mundial chegará a 9,5 bilhões ou 10 bilhões de habitantes e, depois disso, começa a decrescer", completa.

NACIONAL

Em âmbito nacional, o processo de mudança do padrão etário é um fenômeno que resulta de alguns fatores históricos, como a redução da taxa de mortalidade, proporcionada por maior acesso a saneamento básico, condições mais seguras de trabalho e avanço das tecnologias e conhecimento em saúde.

Além do consequente aumento da expectativa de vida, houve também diminuição do número de nascimentos, resultante, entre outros motivos, do advento da pílula anticoncepcional e do ingresso das mulheres no mercado de trabalho.

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