Reflexão e Fé

Otimismo X Esperança

04/09/2022 | Tempo de leitura: 4 min

Certas palavras ou expressões bíblicas são, facilmente, confundidas com outras que não trazem nenhum conteúdo ou significado para a experiência religiosa. Por exemplo: fé e pensamento positivo. É comum encontrar pessoas que confundem os dois. Acham que ter fé é pensar positivamente, acreditar em alguma coisa, visualizar aquilo que se deseja e concentrar todas as energias para obtê-lo. Outros confundem arrependimento com remorso; pecado com sentimento de culpa; alegria com euforia ou perdão com esquecimento.

O significado destas palavras são completamente diferentes e as experiências decorrentes serão também diferentes. Pensamento positivo, remorso, sentimento de culpa, euforia ou esquecimento fazem parte do vocabulário dos manuais de auto-ajuda, da religião da auto-suficiência, da fé em nós mesmos. Fé, arrependimento, pecado, alegria e perdão fazem parte do vocabulário bíblico, da experiência espiritual, da dependência de Deus, da oração. Uma outra expressão que temos confundido é a esperança com o otimismo. São palavras que possuem profundas diferenças e que também promovem atitudes radicalmente distintas. O otimismo é a expectativa de que certas coisas como a economia, relacionamentos humanos, situação política, saúde, crise profissional e etc., irão melhorar. Esta expectativa nasce de realidades concretas como mudanças na política econômica, um novo diagnóstico, uma nova oportunidade. Pode também nascer de sensações que nos fazem acreditar que as coisas irão melhorar e que, em breve, tudo será diferente.

O otimismo também requer uma certa dose de pensamento positivo, de tentar ver sempre o lado bom das situações, de não deixar-se abater pelas tragédias, de extrair alguma boa lição dos episódios da vida. É preciso também acreditar em si mesmo, fazer um esforço para não permitir que críticas e crises abalem as convicções. A esperança é diferente, radicalmente diferente. Enquanto o otimismo é uma atitude que depende exclusivamente de nós, a esperança depende de algo fora de nós. Depende de Deus. É a confiança de que Deus irá cumprir todas as suas promessas; a certeza de que ele não nos abandona, nem nunca nos abandonará; a convicção de que seus propósitos são justos, bons e perfeitos; de que seu amor é constante e sua bondade infinita.

A pessoa que tem esperança de Deus envolvido nos processos, vive cada momento de sua vida sabendo e confiando que ela encontra-se em boas mãos. Todos os grandes líderes bíblicos foram pessoas cheias de esperança; guardaram promessas em seus corações e, sob a certeza de quem prometeu, caminharam em direção ao futuro. O otimismo nos leva a depender mais dos outros, das previsões, medidas e acordos. Nos leva também a depender de nós, de nosso humor, auto determinação, força de vontade, pensamento positivo, sensações, notícias, estado emocional. É a vida dependendo muito mais de fatores humanos do que uma intervenção divina. O profeta Habacuque entendeu a diferença entre otimismo e esperança. No seu cântico, diante do iminente castigo que sobreviria sobre Judá, ele termina dizendo: "Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia eu me alegro no Senhor, e exulto no Deus da minha salvação.

O Senhor Deus é a minha fortaleza, faz os meus pés como os da corça e me faz andar altaneiramente". As previsões não eram das melhores, os riscos eram grandes, mas a esperança fez com que seu presente fosse cheio de vitalidade, alegria e firmeza. Essa é a diferença da esperança. Quando Habacuque afirma que é o Senhor a sua fortaleza e que é Deus quem o faz andar com a dignidade de uma corça, renuncia as previsões decorrentes apenas da lógica e vive confiando naquele que sustenta a história em suas mãos. Ele não nega a dor, não esconde o sofrimento. Reconhece sua limitação e incapacidade de compreensão. No entanto, tem esperança de um dia desfrutar do que Deus tem preparado para todos os que o amam. Isso é a esperança, não otimismo. Há hoje muitas perguntas que ainda estão sem respostas, muita dor ainda sem alívio, muitas dúvidas sem solução. Para muitos não há flor na figueira, nem fruto na videira, os campos estão secos e o futuro se apresenta escuro e sombrio. Não compreendemos o porquê, mas sabemos que o Eterno possui a nossa vida em seu domínio e que tem preparado um reino eterno, pois Jesus assim prometeu e suas promessas são inabaláveis. Vamos continuar confiando, crendo, enchendo a alma, mente e coração de esperança.

 Hugo Evandro Silveira

Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril.

E-mail: hugoevandro15@gmail.com

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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