Conversando com o Bispo

Outubro é mês missionário - Ano C

09/10/2022 | Tempo de leitura: 3 min

A animação missionária da Igreja é o assunto que ocupa a Liturgia durante este mês missionário de outubro. É bom lembrar que a Igreja nos ensina que a missão vem de Deus, nasce do coração da Trindade Santa. Como lemos nos documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II, a origem da missão é o "amor fontal" de Deus (Ad Gentes, 2). Por isso, diz respeito antes ao que "Deus é em si mesmo e não, primeiramente, ao que Deus faz". E, em sua essência divina, Deus é amor (cf. 1Jo 4,8.16). Sendo amor, então, Deus não existe só, não é uma ilha nem solidão, como alguns já disseram, mas Deus é comunhão de pessoas. Nós cremos num só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Filosófica e teologicamente, diz-se que Deus é difusivo de si mesmo, transbordante, que não se contém como se não coubesse dentro de si, nem se deleita na autocomplacência consigo mesmo, contemplando-se extasiado de si como um narciso. Popularmente, dizemos que Deus não é nem pode ser egoísta. Ao contrário, por força do amor, Deus é o poderoso que saiu e sai de si para gerar vida, a vida do mundo com todas as coisas de dentro e de fora, e a vida dos seres humanos. A meu ver, vale a pena parar para pensarmos na maneira como Santo Agostinho falou do Amor e da Trindade: "Onde existe o Amor existe a Trindade: um que ama, um que é amado e uma fonte de amor". Pois bem, os seres humanos, Deus os fez homem e mulher, e os criou à sua imagem e semelhança. Na Bíblia está escrito que tudo o que Deus criou e fez, Ele viu que era muito bom. Depois, ainda sob o impulso do amor, Deus saiu para ir ao encontro da humanidade a fim de se revelar, apresentando-se como "Eu sou Aquele que sou" e de estabelecer uma aliança de vida e amor com homens e mulheres, chamando-os a partilhar de sua própria vida e glória e constituindo-os num povo, o seu povo.

Quando chegou o tempo certo, Deus Pai enviou ao mundo o seu Filho amado para completar a revelação do mistério insondável da sua natureza divina, do sentido da vida, do seu plano de salvação e redenção da humanidade, do destino da criação, do Reino dos céus.

Jesus Cristo, tendo subido ao céu, enviou o Espírito Santo prometido. O Espírito, porém, foi derramado em Pentecostes para dar origem à Igreja e impulsionar a missão que Jesus deixou à Igreja como tarefa que Ele recebeu do Pai, isto é, de levar a cabo a obra da salvação (Ad Gentes, 4).

Jesus Cristo confiou a missão evangelizadora aos seus discípulos e à Igreja: "Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os" (Mt 28,19).

Por tudo o que aqui se disse, resumidamente, é que vem se afirmando como verdade que: "Deus é Missão"; Jesus é o primeiro e o maior missionário do Pai; a Igreja recebeu de Jesus a tarefa de evangelizar toda gente, no poder do Espírito Santo".

No Evangelho da Missa de hoje - Lc 17,11-19 - vemos Jesus realizando mais uma obra de misericórdia, desta vez, curando dez leprosos num povoado da Samaria. Jesus disse-lhes: "Ide apresentar-vos aos sacerdotes". E, enquanto iam, ficaram curados. Mas só um voltou para agradecer a Jesus, exatamente um samaritano - os judeus não gostavam dos samaritanos. Jesus, então, aproveitou o fato para dizer aos que o acompanhavam: "'Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?' E disse-lhe: 'Levanta-te a vai! Tua fé te salvou'". Não existe missão verdadeira sem misericórdia. Evangelizar a partir de Jesus Cristo é fazer o bem como Ele o fez. Oremos para que sejamos Igreja missionária e misericordiosa.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

Receba as notícias mais relevantes de Bauru e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.