ECONOMIA 

Jundiaí vivencia ciclos no setor industrial até a indústria 4.0

Por Redação |
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Divulgação
Para Marcelo Cereser, a Reforma Tributária irá favorecer o posicionamento econômico de Jundiaí 
Para Marcelo Cereser, a Reforma Tributária irá favorecer o posicionamento econômico de Jundiaí 

A história industrial de Jundiaí é marcada por ciclos de transformação que moldaram o desenvolvimento econômico da cidade. “Desde os primeiros empreendimentos de meados do século XIX até a atual consolidação como polo de inovação e tecnologia, o município tem se destacado pela capacidade de atrair empresas, formar mão de obra qualificada e se adaptar às novas demandas produtivas”, avalia Marcelo Cereser, diretor titular do CIESP Jundiaí.

O processo ganhou força a partir da década de 1860, com a implantação da estrada de ferro que conectou Jundiaí ao Porto de Santos e à capital paulista, permitindo o escoamento eficiente de mercadorias e a chegada de insumos e máquinas. “Esse impulso ferroviário favoreceu o surgimento das primeiras fábricas, especialmente na região da Vila Arens, onde se concentraram tecelagens, olarias e metalúrgicas”, lembra o diretor.

No início do século XX, Jundiaí já era reconhecida como uma importante cidade industrial do interior paulista. A instalação de indústrias têxteis, cerâmicas e alimentícias ampliou o parque fabril e fortaleceu o desenvolvimento urbano. A partir da década de 1940, a expansão das rodovias – especialmente com a inauguração da Anhanguera – consolidou a vocação estratégica da cidade, impulsionando a chegada de novas empresas e a diversificação das atividades industriais.

Marcelo lembrou que, nesse período, as escolas Senai e do Sesi começaram a desempenhar papel determinante. “As instituições trouxeram formação técnica, programas de qualificação e suporte social aos trabalhadores, contribuindo para consolidar um ambiente favorável ao crescimento sustentável da indústria jundiaiense”, afirma.

Com a modernização das rodovias Anhanguera e Bandeirantes e a proximidade aos principais corredores logísticos do Estado, Jundiaí se transformou, nas últimas décadas, em um dos principais polos de distribuição e abastecimento do país. “O setor logístico passou a coexistir de forma sinérgica com a indústria, reforçando a atratividade local”, destacou o diretor, reforçando que a cidade vai viver um novo tempo com a Reforma Tributária, envolvendo a logística.  

Com a implementação da Reforma Tributária, o fluxo industrial tende a mudar. Hoje, vale a pena as indústrias buscarem incentivos fiscais em outros estados, porque os incentivos fiscais acabam pagando a conta do frete, da distância dos polos consumidores. Mas, com a Reforma Tributária, o jogo vai se inverter: as indústrias vão ter que estar mais próximas dos seus polos consumidores, dos seus clientes. Ou seja, Jundiaí, de novo, vai se reinserir como um local privilegiado, não só por distribuição, mas por estar próximo também dos seus polos consumidores, as regiões de Campinas, São Paulo, Sorocaba, São José dos Campos. “A Reforma Tributária vai ser uma nova mola propulsora, um novo vetor de crescimento para a nossa cidade: as indústrias vão voltar para mais próximo da grande São Paulo, e seu polo consumidor”, completou.
 
Para ele, a evolução da cidade está intimamente ligada à força conjunta entre setor produtivo, entidades e trabalhadores. “Jundiaí sempre soube se reinventar. Da ferrovia à era digital, nossa cidade construiu uma base sólida que permite que a indústria continue crescendo com competitividade e visão de futuro”, afirma.

O que vem por aí

Hoje, o município vivencia mais um capítulo dessa trajetória: a transição para a Indústria 4.0. Empresas locais vêm incorporando automação, internet das coisas, robótica, análise de dados avançada e digitalização de processos. O Senai Jundiaí ampliou sua oferta de cursos nessa área, enquanto o Ciesp Regional tem promovido eventos, encontros e iniciativas para apoiar a inovação industrial”, anunciou Cereser.

Ele destaca ainda o papel do Ciesp nas transformações recentes. “O Ciesp Jundiaí tem atuado para aproximar empresas, promover capacitação e criar um ambiente favorável à inovação. A Indústria 4.0 já não é tendência, é uma realidade, e nosso compromisso é apoiar as indústrias para que avancem com segurança, produtividade e tecnologia,” completa Cereser.

O diretor ressalta que o futuro passa pela integração. “Quando combinamos nossa vocação logística, nossa tradição industrial e nossa mão de obra qualificada, temos um cenário extremamente favorável para os próximos anos. Jundiaí está preparada para continuar crescendo e liderando processos de transformação,” conclui.

O secretário de Desenvolvimento Econômico, Humberto Cereser, afirma que o município está preparado para receber novos investimentos do setor de tecnologia. “Jundiaí é um ambiente promissor em tecnologia e estamos desenvolvendo uma série de programas para atrair novos polos tecnológicos, inclusive já anunciamos novos data centers na cidade.” Para Cereser, não é somente o município que sairá ganhando, mas toda a RMJ (Região Metropolitana de Jundiaí). “Grandes empresas de tecnologia estão nos procurando, o que vai beneficiar  a macroregião. Nosso desafio agora é qualificar a mão de obra, para que ela tenha acesso a empregos bem remunerados e de qualidade.”  

Humberto Cereser aposta em desenvolvimento tecnológico de toda a Região  

Comércio

O comércio de Jundiaí destaca-se pela sua variedade de segmentos e representatividade na Região. São 6.378 estabelecimentos cadastrados até final de 2024,  que geram 23.823 empregos celetistas, conforme dados da  RAIS 2024 e do Caged 2025.          

Na avaliação de Edison Maltoni, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Jundiaí e Região (Sincomercio) e da Câmara de Dirigentes Lojistas de Jundiaí (CDL), o comércio de Jundiaí é pujante e destaca-se especialmente por sua variedade e localização.

“O comércio é o maior gerador de emprego e renda do país, e sempre se desenvolve se tem meios de transporte para pessoas e mercadorias. A linha férrea ajudou no desenvolvimento do Centro, a localização da cidade também, entre São Paulo e Campinas. Jundiaí tem a Anhanguera, Bandeirantes e acessos à Dom Pedro na região. Tudo isso faz com que o comércio seja desenvolvido. Tanto é que em situações de crise, Jundiaí consegue se estabilizar e se recuperar antes por causa dessa força”, afirma.

Maltoni reforça que não é preciso que o jundiaiense vá até São Paulo para ter diversos produtos, como ocorria há décadas. “O número de empresas que vêm para cá também mostra a importância da cidade. É difícil uma concessionária de automóveis que não tenha em Jundiaí, por exemplo.” Sobre a sobrevivência dos comércios, ele destaca como primordial a atualização quanto à gestão do negócio, na capacitação dos profissionais,  nas ferramentas que facilitam o gerenciamento do estoque, na diversificação nas formas de pagamento e de vendas, especialmente a presença no digital, na implementação de parcerias.

Edison Maltoni aponta a diversidade do comércio jundiaiense e seu desenvolvimento 

“Hoje o consumidor está cada vez mais exigente e prático. Ele tem mais facilidade de pesquisar pelos produtos e preços pelas redes. Então, além do melhor preço, ele também procura uma experiência de consumo, um atendimento diferenciado, uma atenção que nem sempre o digital pode oferecer”, pontua Maltoni.

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