PRESIDENTE LAMENTA

Ativista e viúva de Marighella, Clara Charf morre aos 100 anos

Por | da Rede Sampi
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução/Clara Charf/Facebook
Nascida em Maceió em 1925, filha de imigrantes judeus russos, Clara Charf ingressou no PCB aos 21 anos.
Nascida em Maceió em 1925, filha de imigrantes judeus russos, Clara Charf ingressou no PCB aos 21 anos.

A ativista e militante histórica Clara Charf morreu nesta segunda-feira (3), em São Paulo, aos 100 anos. A informação foi confirmada pela Associação Mulheres pela Paz, organização fundada e presidida por ela. Clara estava internada e faleceu de causas naturais, segundo a entidade.

Leia mais: 'Marighella' vaza e produtor Fernando Meirelles fala em roubo ao atacar pirataria

Um século de luta

Nascida em Maceió em 1925, filha de imigrantes judeus russos, Clara Charf ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) aos 21 anos, no Rio de Janeiro. Foi ali que conheceu o então deputado federal Carlos Marighella, com quem viveria intensa trajetória política e pessoal.

Durante a ditadura militar, Clara integrou a Ação Libertadora Nacional (ALN), organização fundada por Marighella em 1967 para enfrentar o regime. Após o assassinato do marido em 4 de novembro de 1969, Clara exilou-se em Cuba, onde viveu por dez anos. Voltou ao Brasil com a Lei da Anistia, em 1979, e passou a militar no recém-criado Partido dos Trabalhadores (PT).

“Uma mulher extraordinária”, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte da ativista, a quem chamou de “uma mulher extraordinária”. “Aprendi muito com ela sobre política, solidariedade, resistência e humanidade”, escreveu.

O ex-ministro José Dirceu também prestou homenagem e lembrou quando a conheceu no exílio: “Já era uma lenda para nós, jovens que lutávamos contra a ditadura.”

Maria Marighella, neta de Carlos e presidente da Funarte, publicou nas redes sociais uma despedida emocionada: “Imensa. Te amo para sempre.”

O legado de Clara e Marighella

Clara Charf dedicou a vida à defesa dos direitos humanos, da igualdade de gênero e da democracia. Em 2010, recebeu o Prêmio Direitos Humanos da Presidência da República. Sua trajetória se entrelaça à de Marighella, autor do Minimanual do Guerrilheiro Urbano e um dos principais nomes da resistência armada à ditadura.

Marighella, que completaria 114 anos em 2025, foi morto numa emboscada da polícia em São Paulo, em 1969. Sua história foi retratada no filme Marighella (2019), dirigido por Wagner Moura e estrelado por Seu Jorge.


@zedirceuoficial/Instagram

Fale com o Folha da Região!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários