JUSTIÇA

Vanessa Scheel: sobrevivente ou homicida? O caso poderá ir a júri

Por Guilherme Renan | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução
Vanessa Lemos Soares Scheel
Vanessa Lemos Soares Scheel

Entre a vida e a morte, Vanessa Lemos Soares Scheel tomou uma decisão que mudaria seu destino. Após mais de dez anos de agressões e ameaças do marido, a mulher de 41 anos é hoje ré por homicídio qualificado e está presa na Penitenciária de Tupi Paulista (SP). A Justiça decidirá, no próximo dia 29 de outubro, se ela será levada a júri popular em Araçatuba.

Uma noite que rompeu um ciclo de violência

Segundo o boletim de ocorrência, em 21 de agosto, Vanessa foi agredida e ameaçada pelo marido, Dirceu. À noite, ele teria deixado um revólver calibre 38 sobre o balcão e se sentado diante da residência. Foi nesse momento que Vanessa pegou a arma e disparou contra a cabeça dele, atingindo a têmpora. Dirceu morreu no local.

Após a prisão, ela afirmou à polícia: “Não me agredia mais”, sugerindo que o ato foi um limite diante de anos de violência doméstica.

Defesa pública: ‘Vanessa é uma sobrevivente’

Os advogados César Franzói e Isabela Fioroto, que representam Vanessa, divulgaram uma nota pública para contextualizar o caso. O documento descreve uma trajetória de mais de uma década de agressões físicas, morais e psicológicas.

“Por mais de uma década, Vanessa foi vítima de violência doméstica... A mulher que hoje figura como ré é, antes de tudo, uma sobrevivente”, diz o texto.

A nota relata que, no dia do crime, após ouvir que “não veria o amanhecer” e ver a arma engatilhada à sua frente, Vanessa agiu por instinto de sobrevivência, em legítima defesa e sob forte emoção.

“Quem engatilha uma arma e a coloca sobre a mesa revela a intenção mais clara possível - a de matar. Vanessa apenas se defendeu”, afirmam os advogados.

A defesa critica a acusação do Ministério Público, que desconsidera o histórico de violência. Para os advogados, há um contraste entre a credibilidade dada a denúncias preventivas e o tratamento a mulheres que reagem para sobreviver.

A nota cita dados nacionais que mostram que 60% das mulheres não denunciam agressores e que violência psicológica e moral são as mais comuns. Para a defesa, Vanessa representa essas mulheres silenciadas.

“Quantas agressões, ameaças e humilhações uma mulher precisa suportar para ter o direito de se defender?”, questiona o texto.

A decisão da Justiça, no fim de outubro, definirá se o caso será julgado pelo Tribunal do Júri de Araçatuba, onde um conselho de sentença representará a sociedade para avaliar se Vanessa agiu para matar - ou para viver.

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