ILHA SOLTEIRA

Circo com foco social é barrado por erro da Prefeitura

Por Guilherme Renan | da redação
| Tempo de leitura: 2 min
Divulgação
Circo sendo montado ainda nesta quinta feira 29, um dia antes da estreia
Circo sendo montado ainda nesta quinta feira 29, um dia antes da estreia

Um erro de gestão da Prefeitura de Ilha Solteira causou prejuízos a um circo itinerante com foco em inclusão social, gerou tensão com autoridades locais e forçou o remanejamento emergencial da estrutura já montada. A responsável pelo grupo, a comunicóloga e artista Jeniffer Lavalovich, de 36 anos, denunciou desorganização, desrespeito e abuso de autoridade.

O circo havia solicitado o uso de um terreno próximo à rodoviária e ao hospital regional e recebeu autorização assinada por um secretário municipal. Com o documento, a trupe iniciou a montagem no domingo (25), mas foi surpreendida por um fiscal da própria Prefeitura, que proibiu a instalação alegando que a área não estava liberada — mesmo diante da autorização oficial.

Autorização sem consulta jurídica

A confusão revelou uma falha grave da administração: a autorização foi concedida sem consulta ao setor jurídico e contrariava a legislação municipal, que proíbe eventos próximos a hospitais. O secretário de gabinete que assinou a liberação admitiu desconhecer a norma. O terreno, além disso, é uma das últimas áreas verdes preservadas da cidade.

A reportagem tentou contato com o secretário, que não atendeu às ligações nem respondeu às mensagens até o fechamento desta matéria.

Críticas no Legislativo

O caso gerou indignação na Câmara Municipal. O vereador Ricardo da Band (MDB) criticou a gestão municipal: “O prejuízo é responsabilidade direta do prefeito. Uma gestão séria não emite autorização ilegal”, afirmou. Ele relatou que tentou alertar o grupo sobre a irregularidade, mas foi hostilizado por pessoas ligadas ao circo. “Em nenhum momento agi com violência, apenas quis evitar um prejuízo maior”, explicou.

Segundo o vereador, a autorização deveria ter partido do prefeito, com respaldo jurídico, e não de um secretário.

Deslocamento forçado e impacto financeiro

Com a proibição, o grupo teve de desmontar a estrutura e transferi-la para um terreno no Jardim Aeroporto, próximo ao antigo aeroclube. A mudança gerou custos imprevistos e exigiu nova divulgação do espetáculo. Até a manhã de quinta-feira (29), o local ainda não contava com água nem energia elétrica, serviços que precisam ser solicitados com sete dias de antecedência.

Circo inclusivo e acessível

Jeniffer ressaltou que o projeto tem foco na inclusão: ela, o marido e os dois filhos têm laudos de autismo e TDAH, assim como parte da equipe. “Nosso som é mais baixo, o ambiente é adaptado. Trabalhamos com respeito às diferenças e trocamos ingressos por alimentos para o Fundo Social. Fomos recebidos com desinformação, desrespeito e nos trataram como cachorros”, desabafou.

Apesar das dificuldades, o grupo manteve a estreia para esta sexta-feira (30), no novo endereço. As sessões são voltadas à inclusão e acessibilidade para todos os públicos.

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