COMO SERÁ O FUTURO?

Araçatuba: desafios e perspectivas aos 116 anos de história

Por Wesley Pedrosa | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Prefeitura de Araçatuba
Araçatuba, 116 anos
Araçatuba, 116 anos

Araçatuba celebra nesta segunda-feira, dia 2 de dezembro, seus 116 anos de fundação. Conhecida por sua rica história ligada à construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e pela tradição no agronegócio, a cidade enfrenta desafios importantes para consolidar seu desenvolvimento econômico e social. Lideranças de diferentes setores analisaram junto à Folha da Região, os caminhos que Araçatuba poderá trilhar nos próximos anos.

Comércio em transformação: perspectivas e desafios  
O comércio de Araçatuba, tradicionalmente um dos pilares econômicos da cidade, se diversificou ao longo das décadas. Segundo o gerente excelutivo da Associação Comercial e Industrial de Araçatuba (ACIA), Osney Ferracioli, , a expansão dos corredores comerciais para regiões como o bairro Jussara e a avenida Odorindo Perenha é um reflexo do crescimento econômico e das mudanças no comportamento do consumidor. "Hoje, o comércio precisa aliar o atendimento presencial com a tecnologia para competir com o e-commerce", afirma Ney. Ele destaca que um dos maiores desafios do setor é se adaptar às novas demandas, como vendas pelas redes sociais e entrega rápida, especialmente para atrair consumidores mais jovens.

"O grande desafio do comércio é estar atento às redes sociais, especialmente porque as novas tecnologias estão avançando cada vez mais rápido. A pandemia acelerou esse processo, forçando as empresas a enfrentarem esse desafio e a adaptarem-se à expectativa de atuar também nas plataformas digitais", completa.

Apesar disso, o comércio ainda sofre com a alta carga tributária e os custos operacionais. "O empresário hoje é um verdadeiro herói", completa Ney, enfatizando que a perspectiva é de crescimento, mas com a necessidade de se fortalecer em inovação e atendimento ao consumidor.

Agronegócio: tradição e sustentabilidade  
O agronegócio, que deu origem ao título de “capital do boi gordo” para Araçatuba, continua sendo um dos motores econômicos da região. Thomas Rocco, presidente do Sindicato Rural da Alta Noroeste (SIRAN), reforça que os produtores rurais têm diversificado suas atividades, investindo em tecnologia e sustentabilidade. "O desafio é aumentar a produtividade em menor espaço, preservando o meio ambiente e diluindo riscos com a diversificação de culturas", explica Thomas.

Hoje, o agronegócio emprega diretamente cerca de 5 mil pessoas, segundo dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), com impacto indireto em outros setores como comércio e transporte. As exportações agrícolas também contribuíram para os US$ 76 milhões de dólares que a cidade movimentou em 2023, segundo a Fundação Seade.

"Quando analisamos o setor agropecuário, estamos falando de cerca de 5.000 pessoas diretamente envolvidas no campo. Já ao considerar o agronegócio e a agroindústria, estima-se que aproximadamente 10% da população de Araçatuba esteja diretamente ligada a esse setor, o que representa mais de 15.000 pessoas, Araçatuba entende que, para o produtor rural continuar seu trabalho, seu legado e seu desenvolvimento, é essencial estar antenado às novas demandas e tecnologias. Ele precisa revolucionar seu negócio, buscando maior produtividade em espaços menores de terra e diversificando as culturas, o que permite diluir os riscos em uma atividade caracterizada como tomadora de preços. Ao diversificar, o produtor consegue mitigar os riscos inerentes ao mercado e, ao mesmo tempo, incorporar tecnologias que possibilitam produzir mais em menos espaço, de forma sustentável. Esse é o grande desafio do momento: seguir o movimento de inovação e sustentabilidade que já vem sendo desenvolvido há mais de 20 anos", destaca Thomas Rocco.

A infraestrutura rural tem apresentado avanços significativos nos últimos anos, com melhorias nas estradas vicinais e maior apoio ao escoamento da produção. No entanto, desafios climáticos, como as altas temperaturas e baixa altitude, além da falta de chuvas regulares, exigem soluções criativas, como maior uso da irrigação. "A sustentabilidade e o uso consciente da água são fundamentais para mantermos nossa competitividade", diz Thomas.

Turismo: potencial subaproveitado  
No campo do turismo, Araçatuba possui recursos naturais e culturais significativos, mas enfrenta dificuldades para consolidar uma identidade turística. O professor e ex-secretario Marcelo Mazzei, um entendedor em turismo, aponta que a cidade precisa investir mais na integração regional. "Araçatuba poderia aproveitar melhor sua proximidade com Birigui, famosa pelos calçados infantis, ou Penápolis, com sua tradição histórica", sugere.

Mazzei também destaca que atrações como o Rio Tietê e a Cidade da Criança podem se tornar referências regionais. Contudo, é necessário modernizar a infraestrutura urbana e rural para receber visitantes, como parques e bosques com melhor estrutura e segurança. A gastronomia é um ponto positivo, com estabelecimentos que oferecem pratos únicos, como o tradicional cupim.

"A cidade ainda é pouco conhecida no cenário turístico estadual e nacional. A ausência de estratégias de marketing digital e de promoção limita sua capacidade de atrair visitantes", detaca.

Ainda sobre o turismo, Mazzei elencou alguns tópicos importantes para um futuro mais promissor do setor:

•    Adoção de práticas sustentáveis: A valorização de práticas ambientalmente responsáveis pode ser um diferencial para o turismo em Araçatuba, alinhando-se às expectativas de turistas mais conscientes.
•    Fomento à economia criativa: Incorporar elementos culturais, como gastronomia local, artesanato e música, para criar experiências únicas.
•    Digitalização: Apostar no marketing digital, plataformas de reserva online e divulgação nas redes sociais para alcançar um público mais amplo.
•    Apoio público e privado: Incentivos fiscais e parcerias entre o poder público e o setor privado podem viabilizar projetos turísticos e fortalecer a cadeia produtiva.

Economia: dados e desafios  
Com um PIB de R$ 9 bilhões em 2021 e uma população estimada em 201.153 habitantes, Araçatuba demonstra sua relevância no contexto regional. A média salarial de R$ 3.076 reflete um mercado de trabalho em constante transformação, com 56.513 empregos formais registrados. Apesar disso, a economia enfrenta desafios nacionais, como inflação e altos juros, que afetam diretamente o consumo e o investimento.

Araçatuba também precisa fortalecer seu parque industrial. Ney Ferracioli aponta que a atração de novas indústrias é essencial para equilibrar a economia, que hoje tem no comércio sua principal força motriz. "É preciso oferecer incentivos e infraestrutura para que indústrias se instalem aqui", defende.

O cenário político pode ser um facilitador nesse sentido, mas a necessidade de diálogo entre poderes é crucial. O crescimento econômico depende de planejamento estratégico e da modernização de setores-chave, como saúde, educação e transporte.

Já segundo Mazzei, a cidade ainda é pouco conhecida no cenário turístico estadual e nacional. A ausência de estratégias de marketing digital e de promoção limita sua capacidade de atrair visitantes.

Araçatuba completa 116 anos como uma cidade de contrastes: um comércio pujante, um agronegócio moderno, mas com desafios significativos em turismo e industrialização.

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