RELIGIÃO

Soberania

Por Padre Charles Borg | Especial para a Folha da Região
| Tempo de leitura: 2 min
Agência Brasil / Arquivo

Poder é corresponsabilidade! Se, como se afirma, o poder emana do povo, fica legítimo concluir que a maior responsabilidade no exercício da governabilidade recai sobre o cidadão eleitor. Afinal, é sempre bom lembrar a elementar verdade, é o cidadão que investe o candidato com poder político. Emerge verdade indigesta, embora cristalina: os políticos são fiéis retratos da sociedade. Se a política tem fama de ser suja e corrupta é porque a sociedade assim deseja, seja por ação direta como por omissão. Salta outra cristalina verdade: está nas mãos do cidadão regenerar a política.

Participar conscientemente do processo eleitoral representa uma investida cívica da maior responsabilidade. E da maior repercussão. Razão porque a moral cristã considera o ato de votar uma escolha de grave responsabilidade. O cidadão tem dever ético de votar com consciência e responsabilidade. Sobre o cidadão cristão o sufrágio adquire dimensão moral, responde perante Deus pela sua escolha.

O motivo é simples e claro: ao sufragar corretos candidatos, o cidadão colabora efetivamente na construção de uma sociedade justa e fraterna. Salta pressuposto indispensável no processo político seletivo: verificar a autenticidade do compromisso do candidato. É sobejamente conhecido que em campanha política todo candidato se reveste dos mais nobres propósitos. Em campanha política, impressiona a formidável competição entre os postulantes para emplacarem a imagem de retidão, abnegação e simpatia.

Há muito teatro e faz de conta em campanha política. Ao cidadão cristão como ao bem intencionado eleitor cabe filtrar o que ouve e o que vê. Cabe verificar o histórico do candidato, suas realizações, suas afinidades ideológicas, suas ligações corporativas, sua real identidade enfim, para averiguar até que ponto o comprometimento com a melhora geral das condições de vida do munícipio seja autêntico e confiável. Em campanha política há muito devaneio, muita ficção.

Crédito singular merece o político que se mostra aberto ao diálogo, disposto a prestar contas e a ser cobrado por sua atuação. Partilhada responsabilidade é o exercício do poder! Transparente gestão é indicativo inconfundível de lisura de intenções. Política não é arte linear. Demanda constantes ajustes e regulares aprimoramentos, particularmente no atual ritmo de vida, dinâmico e plural. Prestar contas, ouvir opiniões, expor motivações não são concessões, são posturas inerentes ao exercício de uma política participativa. É respeitar, em suma, e reconhecer a soberana condição do cidadão.

O compromisso político não se esgota no ato de votar. Se exerce na consciente e ativa participação da atividade política. Nobre e fecunda fica a política quando promove e favorece a ativa participação cívica. Político bom é cidadão de diálogo. Bom eleitor é cidadão cioso do seu poder!

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