Ingredientes
Cobertura
- 2 xícaras (chá) de uva preta debulhada
- Três quartos de xícara (chá) de açúcar
- Três quartos de xícara (chá) de farinha de trigo
- 50 g de manteiga gelada
- 1 colher (chá) de canela em pó
Massa
- 2 xícaras (chá) de farinha de trigo
- Uma e meia xícara (chá) de açúcar
- 3 ovos
- 50 g de manteiga em temperatura ambiente
- Três quartos de xícara (chá) de leite
- 1 colher (sopa) de fermento em pó
- Manteiga e farinha de trigo para untar e polvilhar a assadeira
Não é despropositada a confusão que fazem muitas pessoas em relação ao nome de iguaria exportada pelo sul do País para várias regiões brasileiras: a cuca, bolo com frutas onipresente nas mesas sulistas, e a Cuca, personagem de ficção. Acontece que o substantivo comum dos imigrantes alemães é nome próprio no folclore brasileiro, onde aparece ora como bicho-papão, ora como monstro devorador de crianças desobedientes. O escritor Monteiro Lobato aproveitou bem o mito, que também aparece em cantigas de ninar desde o século XIX (“Dorme, nenê, que a Cuca vem pegar”). E incluiu a Cuca como personagem de seu livro “O Saci”, publicado em 1921.
No mundo da culinária, “cuca” resulta do aportuguesamento da palavra “bolo” em alemão: “kuchen”. Mas não é um bolo qualquer. Sobre a massa ele tem uma camada de frutas frescas e outra de farofa doce. Fica macio e úmido por dentro por conta da estrutura da massa e das frutas que se desidratam no forno. Contrasta com a cobertura grossa bem crocante.
Ao preparar esta cuca de uva pensei mais uma vez nos que sofrem com as inundações que afetaram 90% dos municípios gaúchos. Uma tristeza tomou conta de mim. Que essa gente aguerrida possa no médio prazo retomar sua rotina, onde a cuca se faz presente. A receita é de Rita Lobo, mas há outras na Internet. As cucas se diferem pelo aroma e pelas frutas escolhidas. Usei canela para combinar com as uvas tipo Vitória. Mas podem ser outras, desde que doces.
Começa-se pela cobertura. Misture açúcar, farinha e canela numa vasilha. Agregue a manteiga gelada cortada em cubinhos e mexa com as pontas dos dedos, formando uma farofa grossa. Reserve na geladeira.
Junte na tigela da batedeira açúcar e manteiga em ponto de pomada. Bata por dois minutos. Agregue os ovos um a um, continuando a bater até formar um creme claro. Em seguida vá adicionando a farinha em três etapas, intercalando o leite. Termine com a farinha, evitando assim que a massa apresente aspecto talhado. Desencaixe a tigela da batedeira e misture o fermento delicadamente com a espátula. Transfira a massa para a assadeira e nivele bem. Distribua as uvas sobre a massa sem sobrepor uma à outra.
Para cobrir, amasse pequenas quantidades de farofa com as mãos e disponha sobre a cuca. Repita até cobrir tudo. Quanto mais irregular ficar a cobertura, com partes mais esfareladas e porções mais firmes, mais crocante ficará.
Leve ao forno para assar por cerca de 50 minutos, a 180 graus, até o bolo crescer e a farofa dourar. Atenção: nessa receita o teste do palito não funciona, pois pode sair molhado por conta da uva. Retire a cuca do forno e deixe esfriar completamente antes de servir – a farofa fica mais crocante depois de fria.
Sonia Machiavelli é professora, jornalista, escritora; membro da Academia Francana de Letras
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