ESTRANHO

Avião que caiu em aeródromo de Birigui foi arrematado em leilão e estava sem manutenção

Por Priscilla Andrade | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Reprodução
Momento em que avião perde o eixo da pista e avança terreno sem pavimentação. Piloto fugiu e é procurado
Momento em que avião perde o eixo da pista e avança terreno sem pavimentação. Piloto fugiu e é procurado

A queda de um avião de pequeno porte, na tarde de segunda-feira, 4, em Birigui, ainda reúne várias perguntas sem respostas. E, para tentar saber o que aconteceu, equipes da Polícia Civil e da Polícia Federal estiveram na manhã desta terça-feira, 5, no aeródromo da cidade, a 21 km de Araçatuba, em buscas de mais informações.

O avião bimotor que caiu é um modelo Baron 58, da Beechcraft, aeronave executiva a pistão, de pequeno porte, com capacidade para transportar um piloto e mais cinco passageiros, indicada para rotas domésticas, ou seja, viagens intermunicipais e interestaduais.

No episódio dessa segunda, em Birigui, a aeronave sofreu avarias após um pouso forçado que, por pouco, não causou um estrago ainda maior. O homem que estava pilotando fugiu do local, após o acidente.

A reportagem apurou que o avião foi retirado de uma oficina por uma pessoa que se apresentou como piloto. Mas, no dia em que caiu, quem estava no comando seria um homem que não sabia operar a aeronave. Ele fugiu após o acidente. Esta informação é investigada a partir dos depoimentos de testemunhas e imagens das câmeras de circuito de segurança.

A empresa onde o avião estava é a FMA (Felício Manutenção de Aeronaves), localizada em Birigui, que divulgou uma nota nesta terça-feira, 5, informando que o avião foi retirado após um desacordo comercial e falta de documentos.

Segundo a nota, a aeronave não tinha passado por qualquer manutenção enquanto permaneceu no hangar da empresa. O bimotor estava nas dependências da empresa desde 2022. A nota ainda reforça que "sem a manutenção e regularização, a empresa não teria autonomia de reter a aeronave, exceto por ordem judicial".

A empresa também revelou que a aeronave foi reivindicada por um homem, que se apresentou como piloto e se identificou com o nome de Cristian. Ele teria ido até a empresa na sexta-feira, 1º.

O que diz a Anac
Em uma consulta aberta ao público, consta que o avião está com o Certificado de Aeronavegabilidade cancelado desde 2015 porque o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) estava vencido. O bimotor também estava sem autorização para táxi aéreo.

Investigações e Força Aérea Brasileira
De acordo com informações apuradas pela reportagem, a natureza dos fatos exige investigações divididas em diferentes competências. Há em curso pelo menos quatro investigações por órgãos diferentes.

Um deles é a da Polícia Civil, que desde o dia dos fatos colhe os depoimentos e, nesta terça-feira, ouviu os funcionários da empresa de manutenção.

A FAB (Força Aérea Brasileira) também já está ciente do que ocorreu e enviou uma equipe de investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV) e foram deslocados para realizar uma Ação Inicial da ocorrência, que envolveu o avião de matrícula PR-NIB.

A Polícia Federal também enviou sua própria equipe até o local para colher dados e preservar o local. Uma fonte ouvida pela reportagem disse que há uma suspeita de que o objetivo do voo da aeronave possa ter ligação com o tráfico de drogas.

Testemunhas
Segundo o boletim de ocorrência, algumas pessoas foram ouvidas logo após os fatos. De um dos depoimentos, consta que foi possível observar que a aeronave estava em procedimento de pouso e que, antes de tocar o solo, "perdeu o eixo da pista" quando perdeu o controle e colidiu na terra, o que foi registrado por pessoas que estavam no local e registraram o acidente com aparelhos celulares.

Segundo a polícia, nada de ilícito foi encontrado dentro da aeronave. Antes de fugir do local, o homem que estava operando o avião removeu uma das letras de identificação da aeronave, o que não surtiu efeito dado ao avanço das investigações.

Nota da empresa onde o bimotor estava desde 2022
Nota da empresa onde o bimotor estava desde 2022

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