COLUNISTA

Desfibrilador

24/04/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Sucedem-se absurdos!  Espalha-se a cultura do ódio pelo ódio. Agoniada, a sociedade contempla desorientada a mistura de valores; o que é bom ficou descartável e o que mal é exaltado como suma conquista! Muitos choram. Um lamento emerge das entranhas da alma humana clamando por socorro. De cura e libertação necessita com urgência a alma humana.

O começo do fim é aprender a afligir-se diante de tanto drama humano. Jesus Cristo, o divino mais humano, ao contemplar a desordem à qual ficou submetido o povo eleito, provocadas pela manipulação oportunista das lideranças religiosas do seu tempo, chorou. Chorou e compadeceu-se! Chorou e tomou posição! Ousou declarar bem-aventurados os que se afligem, como ele, diante da dor alheia. Afligir-se é sentir na própria pele a dor alheia. A aflição desdobra-se naturalmente em misericórdia, a virtude mestra do cristão assumido, o atributo mais nobre do ser humano. Quem sofre junto não se contenta apenas em colocar-se ao lado do sofredor, em especial quando as feridas são consequência de humana injustiça, intencionalmente infligidas por mentes perturbadas. Abismo é o coração humano! A genuína aflição desdobra-se em oferecer cura. E se apresenta igualmente pronta a tomar posição diante de arbitrariedades. O sentimento de misericórdia recusa conformar-se com as perversas articulações que fomentam a violência, combate ideologias que alimentam discriminações e intolerâncias, denuncia o cinismo que corrompe valores. Emergem, forçosamente, indigestas indagações: a quem, afinal, interessa estimular tanta desumanidade? Quem leva vantagem com a insana morbidade que se deleita na cultura do ódio? A quem interessa o caos moral? A quem interessa espalhar o medo?

A numerosa comunidade de gente de bem anda compreensivelmente assustada. A hora é de olhar o inimigo de frente! Recolher-se é virar refém. O valioso remédio contra a fatalista resignação encontra-se, justamente, na evangélica aflição. Diante do sofrimento, Jesus chorou. E reagiu. Suas lágrimas induziam-no a tomar posição. Aproximou-se de gente sofrida. Consolou com atitudes genuinamente humanas. Denunciou a manipulação religiosa. Ao insistir na prática da misericórdia, Jesus conclama a agir. Reprova a cumplicidade da omissão. Critica a frieza da indiferença. Perversidade se corrige com nobres gestos. Insensatez se cura com discernimento, equilíbrio e retidão. Ao prometer consolo para o aflito, o Senhor Jesus convence o cidadão do bem a crer e confiar que sentimentos humanitários são mais eficazes que a articulada maldade dos delinquentes.

É hora de despertar o brio da alma humana. A maldade não é invencível! A evangélica aflição constitui moral desfibrilador a despertar a alma humana para seu imenso potencial de semear a cultura do respeito. De represar esse insano rancor! Árdua e demorada é a luta, mas a promessa é categórica: os aflitos serão consolados!

Fale com a Folha da Região! Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção? Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Receba as notícias mais relevantes de Araçatuba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.