“Jura dizer a verdade, somente a verdade, e nada a mais que a verdade?” Quem nunca viu essa cena fatídica, em algum filme americano um dia? “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Quem nunca leu ou ouviu esse tão famoso versículo de João ao menos uma vez? “Só quero a verdade, doa a quem doer.” Quem nunca ouviu essa frase alguma vez na vida? A verdade é que a Verdade sempre foi perseguida pelo homem, desde os primórdios. Mas qual verdade? Sempre tive para mim, que a verdade é relativa, que, como dizem os filósofos: “A verdade absoluta é que não existe verdade absoluta”. No exemplo de uma discussão entre duas pessoas com pontos de vista divergentes, isso fica latente. Cada um luta pela sua verdade. E ela, assim como a dor, só pode ser sentida e mensurada por quem a vive. Desse modo, mesmo que se arrebanhe mais adeptos para a sua verdade, isso não a torna mais real. Assim como não torna seu oponente menos verdadeiro. Ambos permanecem. No sublime poema “Verdade”, de Carlos Drummond de Andrade, ela é desvendada: “A porta da verdade estava aberta, /mas só deixava passar /meia pessoa de cada vez. /Assim não era possível atingir toda a verdade, /porque a meia pessoa que entrava /só trazia o perfil de meia verdade/E sua segunda metade/voltava igualmente com meio perfil. /E os dois meios perfis não coincidiam/ Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. /Chegaram a um lugar luminoso/onde a verdade esplendia seus fogos. / Era dividida em duas metades, /diferentes uma da outra. /Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. /As duas eram totalmente belas. /Mas carecia optar. /Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.” E o nosso dever seria esse: optar pela nossa verdade, respeitando a verdade alheia. A empatia deveria ser sempre soberana às nossas escolhas, opções, crenças e miopias. “As opiniões não são verdades, pois não resistem ao diálogo crítico”, dizia Sócrates. Simples assim.

Ana Laura de Almeida é cirurgiã dentista