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Conheça o que é turismo social e seu impacto na sociedade

Por Redação |
| Tempo de leitura: 5 min

Com valores muito mais acessíveis do que o turismo comercial, em preços que podem variar entre 25% e 40% de economia, o turismo social tem angariado diversos adeptos ao redor do mundo. São diversas as entidades - e agências de turismo também - que promovem essa prática como maneira de viajar sem gastar tanto dinheiro.

Você não está se confundindo. Hoje ainda não é domingo e esse não é o texto de viagem propriamente dito. Diante de uma realidade tão alarmante como a da desigualdade social no país, o turismo social, de acordo com o Ministério do Turismo, tem como principal objetivo "promover a igualdade de oportunidades, o desenvolvimento das comunidades locais, a solidariedade e o exercício da cidadania na perspectiva da inclusão social".
A função do turismo social, em suma, é a de que o turista viaje para locais onde possa ajudar os nativos de alguma maneira. Mas pensando da maneira mais básica soa como se fosse trabalho voluntário. O que não é. O turismo social tem função mais profunda em relação à ajuda que o viajante pode oferecer ao habitante. Se trata de auxiliar o nativo a adquirir direitos que lhes eram garantidos como básicos, como o direito de se alimentar, de se ter lazer e de possuir uma vida digna, por exemplo.

A ORIGEM

O turismo tem como significado "ação ou efeito de viajar, basicamente com fins de entretenimento". Que se tem notícia, ele surgiu como prática em meados do século XIX, nas grandes cidades da Europa, onde os mais abastados aproveitavam de sua condição financeira para fugir de suas vidas nas grandes metrópoles em busca de diversão, descanso, consumo e, principalmente, distinção. Com o passar dos anos - das décadas, mais precisamente, passou a ser muito comum que famílias de classe média já usufruíssem de seus momentos de folga no trabalho para sair de suas casas e se aventurar em outro local, assim difundindo o conceito de turismo até se tornar extremamente comum, como nos dias de hoje.

O turismo social tem origem algumas décadas após o turismo aristocrático, também na Europa. Países como Itália, União Soviética e Alemanha, potências econômicas e nações muito populosas desde aquela época, ofereciam incentivos à moradores com uma renda mais baixa para que se viajassem em grupo. Nesta viagem, visando baratear os preços de custo, era comum que os turistas trabalhassem nos alojamentos, albergues ou na própria cidade, fazendo com que essa troca de favores beneficiasse tanto os viajantes quanto os nativos. A partir desta ideia difundida pelas nações europeias, foi popularizada a característica básica do turismo social (para os turistas), o fácil acesso das famílias de baixa condição financeira à viagens.

OS BENEFÍCIOS

De acordo com estudo publicado pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), "O turismo social surgiu como uma proposta de democratizar a experiência turística a estes indivíduos ou grupos com alguma limitação ou dificuldade de acesso". Muito é visto sobre a divulgação do turismo no país e sobre os recursos naturais e materiais que o Brasil tem que podem fomentar a atividade - e consequentemente render mais lucro para o estado. Mas destas inúmeras divulgações que nos são impostas diariamente, quase 100% delas são voltadas ao tradicional turismo comercial. Pouco se fala sobre o social, mas se deveria.

Os benefícios vão muito além de se conhecer um lugar novo. Quando fazendo parte daquela sociedade que o cerca, você adquire conhecimento, vivência de mundo, experiência, aprendizado, lições de cidadania e, é claro, muitas histórias para contar.

Viagens a preços mais acessíveis também conferem melhorias e benfeitorias aos nativos. O turismo social promove um alto impacto multiplicador, reforça a preservação do patrimônio histórico e da tradição local, promove o respeito à comunidade, cria uma imagem favorável para o destino turístico, em termos regionais, nacionais ou até mundiais, incentiva o crescimento econômico e ajuda a diversificar a economia, além de diversas outras melhoras.

Para os locais a serem visitados, não é requerido, também, uma grande infraestrutura e potencial turístico. Na verdade, este pode até ser o objetivo da viagem, o de conhecer e ajudar uma comunidade deixada de lado pelo grande público por aparentemente não possuir potencial turístico.

EXEMPLOS FAMOSOS

É muito comum que saiam excursões de turismo social para as cidades históricas de Minas Gerais. Ouro Preto e Mariana são os principais destinos já que foram importantes centros políticos e sociais para o estado alguns séculos atrás. Os grupos emergem na tradicional cultura mineira, além de interagirem com os nativos e assim promover uma troca de conhecimentos e experiências sem igual. Viagens para o interior do nordeste também são muito comuns. Estas com um caráter mais funcional, quem busca conhecer o interior de estados como Bahia, Piauí, Ceará e Alagoas (por exemplo), normalmente busca participar mais ativamente da rotina dos sertanejos, assim conhecendo sua rotina, suas maneiras de ganhar dinheiro e suas histórias de vida que, em grande maioria, não são nada fáceis.

São nestes casos que o papel do turista vai além do intercâmbio cultural. Ao se misturarem com o povo, poderão viver como é diferente a realidade de pessoas que vivem com tão menos do que eles, com muito menos vivência e bagagem cultural.

POSSIBILIDADES

Como já dito em "benefícios", o turismo social não é muito difundido pelo próprio Ministério da Cultura, o que dificulta sua propagação em locais como agências de viagem, entre outros. Algumas instituições voltadas para o bem-estar social, como o Sesc, por exemplo, costumam incentivar e promover excursões do tipo. No mês de julho, a filial da instituição em Birigui tradicionalmente promove e incentiva os seus credenciados (e não credenciados) a viajarem em alguns de seus hotéis, fazendo assim com que o turismo social possa ser abundantemente difundido. Este último mês, promoveu uma excursão para Mariana (MG) e uma vivência em camping em Penápolis, mas é muito comum encontrar novas iniciativas durante todo o ano e não só na unidade de Birigui, e sim em praticamente todas as unidades ao redor do país.

Existem várias instituições no país que promovem o voluntariado em países e regiões carentes como turismo social também, mas normalmente necessitam de uma grande quantidade de dinheiro que, muitas vezes, grande parte dos cidadãos de classe média no Brasil não possuem. A iniciativa é nobre, claro: desde alimentar elefantes órfãos na África até cuidar de vítimas de terremotos no Himalaia, são várias as opções, mas para quem se interessou no tema e quer começar aos poucos, nada melhor do que passear pelo Brasil em busca de novas histórias e experiências.

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