
Mulheres. Lindas. Poderosas. Maquiadas. São as meninas do tambor que aderiram a mais nova modalidade em disputa nas arenas brasileiras: o Breakaway Roping (algo como "laçada que se abre", em tradução livre). De origem americana, que remonta aos meados dos anos 90, a modalidade, que é exclusivamente feminina, vem conquistando adeptas. "A ABQM abriu, em 2012, em sua grade experimental, a modalidade de Breakaway e convidou a laçadora Eliziane Nogueira, de Presidente Prudente, SP, esposa de Lucinei Nunes Nogueira, o finado "Testa", um dos mais famosos laçadores de bezerro do Brasil, e uma das pioneiras no laço individual, para uma apresentação que foi feita lindamente", relembra a empresária Anália Fonseca, de Guarulhos, que hoje trabalha junto à ANLI (Associação Nacional do Laço Individual) e à ABQM no fomento da modalidade. "Foi nessa de fomentar a novidade que acabei entrando para o time das 'breakawayzeiras'", conta Anália que é, também, competidora na modalidade dos Três Tambores. "Muitas das meninas que hoje correm o Breakaway vieram do tambor". Até então, a modalidade experimental tinha pouquíssimas inscrições, mas com o trabalho desenvolvido pelas "meninas do laço", Bianca Naves e Cristiane Forja, além da própria Anália, acabou elevando o número de interessadas o que inseriu de vez a modalidade nas competições promovidas pela ABQM. Com a liberação de um fomento de R$ 3 mil pela associação, foi feito um trabalho de três meses para movimentar as competidoras. As inscrições subiram de cerca de 3 para 31. "Foi lindo", emociona-se Anália.

Para ela, a sensação no laço é indescritível. "Exige concentração, muitos detalhes para haver 100% de acertos. Hoje, temos dois cavalos: um para treino e outro para competições", diz Anália que tem em seu currículo, apesar do pouco tempo na modalidade, algumas das competições mais importantes do cenário nacional como os títulos de Campeã Paulista, Campeã do Congresso ABQM e Reservada Campeã Nacional ABQM, além do Awards 2018 (prêmio oferecido pela ABQM para os melhores cavaleiros e amazonas em cada uma das modalidades).
A também empresária Lívia Maria Machi de Oliveira, 26 anos, da cidade de Novo Horizonte, SP, cresceu no meio do cavalo e entrou para o Breakaway Roping em 2016. Quando pequena, corria Team Penning, passou aos Três Tambores e, quando o Breakaway chegou no Brasil, sempre tinha vontade de participar, mas não tinha tempo para se dedicar. "Até que, em um evento da ABQM, eu fiz uma aposta com uma amiga", relembra Lívia. "Sempre acompanhei desde o começo, quando a Eliziane Nogueira corria, achava o máximo".
Para ela, a emoção é inexplicável. "Mas temos muita pressão por sermos mulheres competindo em uma categoria que está crescendo ainda. A nossa responsabilidade é muito grande, pois depende de nós para que a modalidade cresça".
Lívia, que não é criadora, não consegue lembrar de uma fase da vida em que os cavalos não tenham estado presentes. "Monto desde os 4 anos. Minha família sempre gostou". Sobre o Breakaway Roping, ela diz ser uma modalidade apaixonante. "Não tem como você assistir e não ter vontade de começar. Ela te desafia e não tem sensação melhor".
Para a médica veterinária, criadora e competidora Samanta Paula Albani Borini, 36 anos, de Birigui, a adrenalina do Breakaway é a melhor que existe. Ela, que compete em Ranch Sorting, Team Penning, Três Tambores, Seis Balizas e Breakaway Roping, participou de sua primeira prova em 1998. "O amor pelos cavalos vem desde muito cedo. No sítio da família sempre tivemos cavalos simples, sem raça. Com o passar do tempo, fui conhecendo as competições e minha primeira prova foi de Três Tambores. Desde então, nunca mais parei", explica.
Segundo o treinador de cavalos de laço individual Mário Dias Moreira Francisco, 32 anos, de São Simão, SP, o treinamento do cavalo de Breakaway Roping é o igual ao do cavalo de Laço Individual (Laço de Bezerro - veja matéria desta página). "A única diferença é que, como cavalo não tem que aprender a puxar o bezerro, somente parar, acaba sendo um pouco mais rápido", explica.
ENTENDA A MODALIDADE

O conjunto, cavalo e cavaleira, entra no brete se posicionando ao seu lado direito (esquerdo de quem olha de frente). Ao sinalizar com a cabeça, os portões se abrem e o bezerro tem que passar pela barreira (que dá a ele vantagem sobre o conjunto) para que, só então, o conjunto possa sair em busca da rês. No Breakaway não se enrola a corda (por isso o nome "laçada que se abre"), já que, ao tracionar a corda, o bezerro faz com que uma fita (espécie de lacre) se rompa e corra com a corda no pescoço. O cronômetro da modalidade é parado quando a fita se rompe, indicando a finalização da prova.
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