PATRIMÔNIO

Local de tortura na ditadura deve ser tombado ainda neste ano

Por Da Redação | Jornal de Piracicaba |
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O local foi responsável por diversas prisões, torturas e mortes de opositores durante o regime militar.
O local foi responsável por diversas prisões, torturas e mortes de opositores durante o regime militar.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) anunciou que, em 2025, irá priorizar o tombamento do prédio onde funcionou o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), localizado no bairro Tijuca, no Rio de Janeiro. O local foi responsável por diversas prisões, torturas e mortes de opositores durante o regime militar no Brasil, entre 1964 e 1984. O objetivo do tombamento é transformar o espaço em um ponto de memória histórica, lembrando as atrocidades cometidas durante esse período.

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A decisão do Iphan segue uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), que, em nota divulgada na terça-feira (21), solicitou que o órgão acelerasse o processo de tombamento do edifício. O pedido de tombamento já está em trâmite no Instituto desde 2013, mas a urgência do MPF deu novo impulso à sua priorização.

O DOI-Codi foi uma instituição de repressão ligada ao Exército, atuando em várias cidades do Brasil. Além do Rio de Janeiro, havia unidades em São Paulo, Recife e Porto Alegre. O prédio da Tijuca, atualmente sede do 1º Batalhão de Polícia do Exército do Rio, foi um dos maiores centros de detenção e tortura do regime militar, onde opositores do governo eram torturados e mortos.

Um dos casos mais conhecidos ligados ao DOI-Codi é o do ex-deputado federal e engenheiro Rubens Paiva. Ele foi sequestrado de sua casa em 20 de janeiro de 1971 por agentes do Centro de Informações da Aeronáutica (CISA), sendo levado ao DOI-Codi, onde foi torturado e morto. A história de Paiva foi retratada no filme *Ainda Estou Aqui*. O ex-parlamentar foi uma das centenas de vítimas da repressão militar no Brasil, e a Comissão Nacional da Verdade identificou pelo menos 434 pessoas mortas ou desaparecidas pelas forças ditatoriais.

Em comunicado, o Iphan informou que o processo de tombamento está em análise e será uma das prioridades da autarquia em 2025. No entanto, o Instituto ainda aguarda a autorização do Exército para realizar uma visita técnica ao local, uma etapa essencial para a conclusão da avaliação do pedido de tombamento.

“O Iphan reafirma seu compromisso com a preservação dos lugares de memória, fundamentais para a manutenção da democracia brasileira”, afirmou o Instituto em nota oficial. A proposta de tombamento visa garantir que o local, marcado por um dos períodos mais sombrios da história do Brasil, seja preservado para as futuras gerações, permitindo reflexão e aprendizado sobre a importância de defender a democracia.

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