Por José Faganello
“Água, água por toda parte, /E nenhuma gota para beber” (Coleridge- O Velho Marinheiro)
A água é um elemento essencial para a vida, que não existiria sem ela. As primeiras grandes civilizações surgiram às margens de grandes rios, ou seja, cursos d’água.
Sua presença, indispensável na vida do homem, fez com que ele criasse uma grande quantidade de expressões e superstições ligadas à água: Telhado de uma água, de duas águas; Ficar com água na boca; Estava naquela água (bêbado); Água batismal; Água benta; Água mineral (com apreciável quantidade de sais); Água salobra (com sais que lhe dão sabor desagradável); Afogar se num copo d’água (deter- se ante obstáculos insignificantes); A pão e água (dieta de fome); Beber água nas orelhas dos outros (viver de mexericos); Carregar água em cesto (realizar esforço inútil); Como um peixe fora d’água (desambientado); De primeira água (excelente); Fazer água (barco que está afundando); Ir nas águas (seguir a opinião da maioria); Muita água passará sob a ponte (tempo longo); Pescar em águas turvas (tirar proveito de desordens); Ter roupa na água e no corpo (quem tem apenas uma muda de roupa); Uma gota d’água no mar (insignificante); Águas passadas (que não vale a pena relembrar); Água que passarinho não bebe (pinga).
A água, cujo volume disponível na terra se mantém sempre estável, está em contínua mudança (sólida, líquida e gasosa) para nós a mais importante dessas mudanças é a evaporação (mudança do estado líquido para o gasoso) ela provoca a formação de massas de ar úmidas responsáveis pela precipitação sob variadas formas (neve, geada, orvalho e chuva). Um terço da água que cai retorna sob o efeito da evaporação. O outro terço escoa sobre a superfície formando rios, lagos, e acumulando-se nos oceanos. Finalmente o terço restante infiltra-se no subsolo (reservas de água subterrânea)
O século vinte e um, segundo previsões dos ecologistas, assistirá a uma acirrada luta pela posse da água doce, ou seja, potável. As disponibilidades de água doce são de oito milhões de Km3 assim distribuídos:
3.300.000 km3 em forma de gelo; 4.500.000 km3 em água infiltrada no solo e subsolo; 280.000 km3 em lagos; 15.000 na atmosfera; e apenas 208.000 km3 nos rios.
O desmatamento, acompanhado pela desertização de muitas regiões, a poluição e a maior demanda da água devido ao aumento da população, da utilização industrial e da irrigação já determina, em muitos países carência de água potável. Há uma reserva de 1.250.000.000 km3 de água salgada nos oceanos. Alguns países praticam a desalinização em escala razoável, para o consumo humano, mas o seu custo é muito alto.
Há quem profetize que se iniciarão, como no passado, lutas idênticas ás dos povos mais fortes dominando os mares e regiões irrigadas.
Se o homem continuar a desperdiçar a água, poluí-la e a destruir seus mananciais, sequer poderá exclamar como o velho marinheiro de Coleridge: “Água, água por toda parte e nenhuma para beber”. Apenas contemplará desoladores desertos e será obrigado a não usar mais a expressão: “Desta água não beberei”.
Em pior situação encontram-se os professores que desistiram da greve. Diante da pusilanimidade de seus companheiros fura-greve e da deslealdade dos diretores que clara ou sutilmente pressionaram para seu fim, além de pedirem água, terão de continuar bebendo apenas ela, jamais vinho, e o que é pior, ministrando aos seus alunos as águas poluídas de um ensino fajuto.
Mais uma vez a categoria, se não como um todo, mas em sua maior parte, provou que não está apta para ensinar. O estado do atual ensino comprova isso.
Se não houver uma reversão total no sistema educacional brasileiro, nossa chance de perfilar entre os países desenvolvidos irá por água abaixo.
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