Nada é muito importante

Por Marisa Bueloni | 04/05/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Num de seus programas, comentando a fala de um entrevistado, Marília Gabriela disse: “Na verdade, com o tempo, vemos que nada tem muita importância”.
   Ah, que alívio ouvir tal pronunciamento! Pois naquela hora, assistindo à entrevista, uma determinada agonia pesava como chumbo em minha alma. Ouvir a afirmativa foi uma redenção. Refletindo no fato de que nada tem muita importância nesta vida, ficamos mais leves, menos tensos, menos ansiosos.
   Nada é muito importante. Nada é tão importante assim. A roupa, a unha feita, o sucesso, o carro, o dinheiro. É preciso tão pouco para viver! Se algo der errado conosco, paciência. Tentemos de novo, aprendendo com nossos insucessos. Cada lição será preciosa, há de nos fazer crescer e aprimorar nossa visão de vida e de mundo. Vasto mundo!
Ao longo da vida, temos experiências que nos dão a base para um próximo passo, uma atitude decisiva, com um pouco mais de segurança e confiança, na quase certeza de que não erraremos tanto. Talvez, com o passar do tempo, uma pessoa adquira a serenidade necessária para tomar decisões importantes, sem o medo do fracasso.
   O empenho constante de perseguir a perfeição em tudo, de estar a postos em todas as horas do dia, nos cansa e nos abate. O efeito é contrário. A ânsia de apresentar uma face animada e solidária 24 horas acaba se tornando um exercício de repetido esgotamento.
   Podemos prestar solidariedade, sim, mas quando solicitada, quando necessária. Antecipar o abraço do auxílio, demonstrando atenção ininterrupta, é algo que irá nos exaurir todas as forças.
   Nada é muito importante. Gravemos esta afirmação lúcida e transformadora. Busquemos o equilíbrio entre erros e acertos, balança vital para nossa paz de espírito. Importante é perdoar a si mesmo, dar um desconto próprio para os destemperos em certas situações e justificar-se com boa autoestima perante as derrotas e perdas.
   Ah! Os ganhos! As conquistas, as ações bem sucedidas! São elas o nosso alento maior, a nossa pura e clara esperança. Bom guardar seus nomes e datas, suas características maravilhosas, como belas efemérides.
   Nada é muito importante. Aprendamos isso, senhores. Uma só coisa é necessária. Ao crente religioso, será a salvação da sua alma. Não haverá algo de maior importância neste mundo. Cada um possui sua escala de valores e se pauta por eles, confiante em seu tirocínio, em seus anos de experiência, em sua plena convicção de certo e de errado.
   Num mundo precário de bons valores, onde escasseiam os exemplos de respeito, generosidade, gentileza e afeto, é alentador pensar que ainda se pode encontrar aqui e ali a abençoada chama que acenda a luz da sabedoria, da inteligência, do prodígio e da bondade.
   Não nos falte jamais a fé, este farol luminoso, lâmpada para os nossos pés. Ela poderá, sem nenhuma hesitação, nos apontar o que de fato é importante. A fé nos sustenta quando tudo o mais naufraga; a fé nos alimenta quando nossa alma morre de fome e de sede; a fé nos faz levantar da cama, sair da depressão, buscar a fonte da nossa essência.
   Nada é muito importante, lembre-se. Não se aflija por pouco. Ou por nada. Sim, todos nós, em algum momento, já nos desesperamos. Avançando na estrada, vemos que não valeu a pena. Fiquemos com esta prece libertadora: nada é muito importante.

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