Planejamento e ação

Por André Sallum | 11/06/2021 | Tempo de leitura: 3 min

As atividades humanas, sobretudo as mais importantes e de longo prazo, requerem planejamento correto a fim de que os resultados almejados sejam alcançados. Ocorre que, a pretexto de se planejar o futuro, muitas ações deixam de ser realizadas, sendo postergadas, às vezes por longo tempo, atrapalhando o fluxo de execução de tarefas necessárias a uma vida saudável e equilibrada. A atitude proteladora, além de fuga da execução do que deveria ser prontamente resolvido, reforça a acomodação e a inércia, favorecendo a estagnação.

As desculpas são intermináveis, e sempre encontramos pretextos para adiar a prática de exercícios físicos, a modificação de hábitos alimentares, o planejamento financeiro, a limpeza e organização dos ambientes, o abandono de vícios, a reconciliação com desafetos, os cuidados com a saúde física e mental. Compreender o mecanismo desse processo de procrastinação parece fundamental para se libertar dele.

Conflitos e traumas psicológicos que necessitam de tratamento, relacionamentos problemáticos que demandam atenção especial, insatisfação profissional que pede adaptação ou mudança, crise existencial que reclama orientação espiritual – qualquer questão não resolvida, além de gerar frustração e ansiedade, pode estagnar o fluxo de energia vital e o processo de autodesenvolvimento.

Aspectos da vida não harmonizados precisarão, em algum momento, ser revisitados, integrados e curados, como único meio de se conquistar o equilíbrio psicossomático, além de serem passos imprescindíveis na jornada evolutiva. Claro que ainda trazemos dificuldades e problemas, por enquanto insolúveis, os quais somente o tempo, desde que bem aproveitado, junto a novas experiências e circunstâncias, se encarregará de equacionar.

Alguns de nós temos a tendência de fixar os pensamentos no passado, lamentando-nos pelo que deixamos de fazer ou pelo que não deveríamos ter feito; ou então tornamo-nos ansiosos em relação ao futuro, seja próximo ou distante. Esses deslocamentos no tempo impedem uma vivência integral do momento presente, o único no qual podemos agir e viver plenamente.

É comum ouvirmos de alguém que na próxima semana, no mês seguinte ou no ano vindouro iniciará nova dieta ou a prática de exercícios, deixará de fumar ou beber, começará um curso, arrumará seus pertences, iniciará um trabalho voluntário, dedicará mais tempo à vida interior… Essa projeção no futuro provoca um alívio ilusório e momentâneo na pressão pela realização dessas propostas, mas os conflitos subjacentes permanecem.

Quantos não dizem: “depois que me formar, realizarei meus sonhos; quando me casar ou tiver filhos, serei feliz; quando meus filhos crescerem, serei livre de preocupações; quando me aposentar, aproveitarei a vida”. Isso reflete uma incapacidade de experienciar o momento presente, de aceitar as situações como são e de lidar com a realidade tal como se apresenta, transferindo as realizações para um futuro hipotético e incerto.

Importa estar atento ao equilíbrio entre a concepção de uma ideia e sua materialização, agindo na ocasião oportuna, o que pode significar, em alguns casos, o adiamento consciente de certas realizações, quando o momento não for propício, do mesmo modo que, em outros, a prontidão para agir imediatamente quando a urgência do caso assim o determinar. Portanto, intuir, inspirar-se, ponderar, sentir e agir coexistem como partes e dimensões do processo de realização consciente de qualquer tarefa.

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