Canção para abril

Por Marisa Bueloni | 08/04/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Acabamos de celebrar a santa Páscoa e é abril no tempo das venturas. Duas festas lindas para nossos corações. Você me pediu um texto celebrando as tardes abrilinas e cá estou eu, tentando atender o seu pedido.

Espero não me perder em meio à crônica de abril. Gosto deste mês que, para mim, é o mais lindo do ano. Abril passa nos dias azuis e eu quero cantar a canção do infinito. Ouso descrever suas tardes magníficas, exaltá-lo como se deve.

 Abril passa, ora com um calor tropical de outono. Ora com frescor e suavidade.  De onde vem esta onda quente que nos aquece a alma? Seria mesmo o propalado aquecimento global o grande causador das mudanças climáticas em nosso planeta?

 Sabe, penso que, por uma cadeia invisível, que age independente da vontade humana, todo o universo é posto à prova. Quanto mais se o desafia, maior é o desastre. Abril não dará conta de deter a catástrofe anunciada.

 A vocação de abril é aclamar o amor, a esperança de que a Terra prossiga, apesar dos tempos sombrios, apesar do luto e da dor. Todos em órbita ao encontro profético dos tempos. Abril fará o favor de nos avisar quando chegar a hora.

Por isso, busco extrair do cotidiano algo que seja proveitoso e significativo. Aprendi isso com abril e suas vibrações luminosas. Por vezes, uma leve e suave brisa abraça-me a alma pequenina. Sinto que sou parte deste universo que pulsa e respira ao ritmo do meu coração.

Este texto é um esforço para não deixar abril passar, sem a devida homenagem. Não se sei se estaria à sua altura. Se a crônica consegue extrair de abril o que abril contém em beleza, expectativa e inspiração.

Sim, abril sempre me inspira. Abril renova minhas forças e me faz crer. Abril merece de mim uma palavra, um verso, o recorte de uma flor na janela, uma foto especial e a saudade de sempre. Estes nossos tempos pedem coragem. Não sei se você notou como, a cada dia que passa, temos de nos armar de mais cuidados e cautela para sair à rua, para estacionar o carro, para ir e vir. Sem falar do uso de máscaras, o álcool gel na bolsa, no carro, o cuidado ao falar com as pessoas.

Então, sentimos uma grande necessidade de nos proteger, de rezar, de pedir aos céus que guardem e vigiem nossos filhos e netos, nossos pequeninos que começam a abrir seus olhos curiosos para o mundo da tecnologia. Aulas online, a família toda envolvida. Ah, criançada linda!

Enquanto rezo, abril transcorre na perplexidade de todos os dias, e a vida vai tecendo seu tapete interminável. Há uma teoria de que, um dia, a Terra deixará de existir, o Sol sofrerá um fenômeno que o fará desaparecer, deixando de brilhar, de ser a fonte de luz e de vida.

Nem esta hipótese tenebrosa consegue tirar a paz do nosso coração, quando ele canta uma canção para abril. O universo todo compõe seu poema astronômico e o zodíaco será nosso sonho etéreo.

Morar onde o sonho mora, e viver eternamente em abril.

Esta crônica inaugural é um paradoxo, não repare. Ela celebra abril, mas seu fundamento se inquieta com tudo o que estamos vivendo há mais de um ano.

Abril nos salvará? Como estaremos em abril do próximo ano? Nossos amados estarão conosco? Sentirei esta mesma vontade de cantar uma canção para abril? Até lá, guardemos o nosso coração. Deus nos proteja.

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