Crises e oportunidades

Por André Sallum | 12/03/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Uma crise, seja de que natureza for, pode ser compreendida como situação geradora de desequilíbrio e tensão, que requer do indivíduo ou do grupo ações no sentido de se alcançar nova estabilidade. Se bastante intensa, pode chegar à ruptura do equilíbrio até então vigente.

De algum modo, toda crise sinaliza a necessidade de mudança, de restabelecimento, em outro nível, do equilíbrio perdido. É fase de maior ou menor estresse, geradora de insegurança e incerteza, e testa a capacidade de adaptação e de reação de quem a sofre. Também significa impulso renovador, a fim de que sejam dados passos numa direção diferente da escolhida até então.

Pode haver crises em todos os âmbitos da vida: pessoal, familiar, institucional, internacional, e em quaisquer áreas: econômica, ambiental, política, religiosa. Na atualidade é evidente que passamos por uma crise planetária que ultrapassa fronteiras geográficas, étnicas e sociais.

As crises criam uma tensão no sistema que afetam, e sinalizam os movimentos necessários a fim de que essa tensão seja aliviada. Para isso, pode haver a necessidade da adoção de novos padrões de comportamento, bem como de se abrir mão daquilo que não mais faz sentido ou que tenha se tornado obstáculo à evolução.

Uma crise, por ser período delicado e especialmente instável, merece atenção e cuidado especiais, assim como a busca de se compreender seu significado, as lições e indicações que traz.

Embora possam ser desagradáveis, crises trazem consigo aspectos positivos. Justamente por incomodarem tanto, promovem as necessárias mudanças e adaptações, sem o que não haveria evolução. A ausência de crises, em nosso atual nível de consciência, significaria acomodação e estagnação, o que seria altamente prejudicial ao desenvolvimento e manifestação de nossos potenciais, além do que vivemos em um mundo dinâmico, em que qualquer estabilidade é sempre frágil e transitória.

O ideal – e esse é o objetivo das instruções espirituais genuínas – é que nosso modo de vida seja tão harmonioso que as crises tornem-se cada vez mais suaves e menos necessárias.

Mais importante que as crises em si é o modo como são consideradas e as atitudes que se toma diante delas. Quando, diante de uma situação crítica, existe revolta, vitimização, tentativas de fuga ou de acusação a quem quer que seja, perde-se a oportunidade de usar criativa e positivamente a energia gerada pela adversidade. Se existe a busca de compreensão, a abertura a novas possibilidades e a tentativa de releitura da situação para a construção de novas realidades, a crise cumpre seu papel. Considerada em sua dimensão educativa, torna-se ferramenta transformadora, indicando os pontos, situações, modelos ou sistemas que necessitam ser revistos, transformados ou transcendidos.

À medida que se busca um modo de vida em harmonia com as leis universais, o equilíbrio do indivíduo passa a ser cada vez mais estável e duradouro, fruto de conquistas interiores que se expressam no exterior. Com isso, a vida individual e coletiva torna-se progressivamente mais isenta de perturbações e de conflitos.

Independentemente de situações externas, mediante um trabalho interior é possível conquistar-se um estado de harmonia que torna o ser cada vez menos vulnerável às crises externas e, quando tem de enfrentá-las, pode fazê-lo do modo mais construtivo e sereno possível, desse modo fortalecendo-se e habilitando-se para maiores conquistas existenciais, ao mesmo tempo servindo ao bem comum.

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