Deus, sim, é essencial

Por David Chagas | 01/03/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Toma este texto, que te escrevo com atenção e cuidado. Lê! Não traz verdade alguma além daquela que dita a consciência e sente o coração. Não quero fazer disso lição nem paradigma a quem quer que seja. Afirmo, apenas, meu cansaço diante do que tenho assistido ao longo da vida. Cansei-me de ações desaventuradas em nome de Deus a quem tenho como Verdade e Vida. O desrespeito à dignidade da pessoa humana num país como o nosso é quase insuportável e tem, muitas vezes a complacência das diferentes igrejas, algumas delas, inclusive, recomendando torturar, maltratar, julgar, matar.

Ou não terá sido esta a denúncia feita em programa televisivo dominical sobre sacerdote católico? E outros tantos sobre diferentes ministros, alguns eleitos para cargos públicos? Sem falar dos que, religiosos ou não, agitam bandeiras, oram a sua maneira, clamam e cantam canções fazendo-se acreditar que estão firmes nas mãos de Deus, em avivadas celebrações.

A lição de amor aprendida sem pieguices nem demoradas invocações, em silêncio, observando o pai em seu exercício matinal de fé, assistindo à mãe na repetição de suas jaculatórias, sempre com humilde confiança, ambos devotos da grandeza e do Amor de Deus deram-me a certeza da necessidade de falar em Deus nesta manhã domingueira, opinando sobre o que me perguntaram com insistência em diferentes mensagens recebidas a respeito de ver na igreja uma atividade essencial.

Em tempos de pandemia, quando quatro pessoas juntas já representam aglomeração perigosa para a transmissão do vírus, além do que os protocolos sanitários alinham como essencial, só Deus mesmo, O Espírito de Amor e Compreensão, O que distribui dons e talentos, O que faz da consciência do homem Sua morada. Ao lado do alimento, é absolutamente essencial. Ninguém e nada mais.

Ao entender quem era Deus, já que até então supunha como me fora dado conhecer, quando pude descobrir Sua essência, tratei de apressar-me para amá-Lo como desejava ser amado, reconhecendo em cada ser humano sua imagem viva. Não é fácil. À medida em que, amadurecendo mais e mais, descobri por seus seres iluminados, muitos deles doutores da Igreja, que a consciência é seu habitat, e o que dele provém em luz, beleza e calma, nos alinha a Seu lado.

Aos poucos, mas sem demora, pude entender que igreja não é nem pode ser considerada essencial a não ser quando, com absoluto rigor, cumpre o desejo de Deus em preservar, em respeitar a vida e não estabelecer diferença entre os seres criados a Sua imagem e semelhança.

Em ambientes de oração reservados para encontros de fé, deve-se claro, pela oração, louvar a Deus com preces e cânticos, mas estar com Ele, participar de sua reunião de Amor, exige muito mais que isso. Além da prática da Palavra, que traz resposta a muitas dúvidas, a indicação do caminho a seguir, a descoberta, nEle, da verdade, da caridade e da justiça, fundamentos de Sua Palavra para lições de Amor.

Onde se acolhe o fraco humano? No coração de Deus! E de que modo? Santo Agostinho, em sua belíssima oração “Tarde te Amei” dá a resposta: ao entrar para dentro de si mesmo. Ao estender a mão àquele que a estende em sua direção que outro não é senão Ele.

Bendita a luz que recomenda: “Pega e lê!”. Para quê? Para afugentar a cegueira que impede ver como se deve ver, para dentro de si mesmo e descobrir que essencial é Deus! provocando com isso o encontro necessário do Amor. Sente-se, então, o seu olhar em nós a partir do outro a quem Ele se entrega. Ouve-se a Sua voz e se alcança a Sua paz.

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