Imunidade e Saúde

Por André Sallum | 26/02/2021 | Tempo de leitura: 3 min

A recente pandemia tem desencadeado esforços internacionais para o desenvolvimento de vacinas a fim de imunizar a população, e a obtenção de uma adequada imunidade pressupõe a capacidade do organismo de desenvolver mecanismos defensivos contra invasores patogênicos. Atualmente tem-se dado enorme atenção às vacinas (obviamente necessárias), esquecendo-se quase por completo de medidas preventivas que favoreçam e preservem a integridade do sistema imunológico. Além disso, inumeráveis problemas de saúde pública continuam sem solução: a falta de saneamento básico (incluindo a escassez de água de boa qualidade, a qual depende da ausência de poluentes, da preservação das nascentes e das matas), as mortes por homicídio, acidentes de trânsito provocados por imprudência, embriaguez ou drogadição, entre inúmeras outras questões.

Ao lado da atual pandemia viral existem outras, de natureza diferente, as quais, se não provocam diretamente a disseminação de vírus, causam o espalhamento de comportamentos e atitudes tremendamente prejudiciais à saúde individual e coletiva. Por exemplo, ao observarmos o mundo e a nós mesmos, fácil é percebermos o quanto estamos longe de superar a agressividade e a violência pandêmica e de nos imunizar contra suas consequências. As inúmeras formas de violência, desde as verbais e psicológicas até os grandes conflitos internacionais, são o nítido reflexo e a fiel expressão dos seres humanos que as provocam. Somente com o desenvolvimento de uma cultura de paz, fruto da harmonia interior, cremos ser possível erradicar a brutalidade e as atrocidades que têm marcado a trajetória humana sobre a Terra.

Todos, em maior ou menor grau, em diferentes áreas da vida, independentemente de agentes agressores externos, apresentamos comportamentos destrutivos que requerem um trabalho de autoconhecimento e de autotransformação a fim de que nos tornemos equilibrados e favoreçamos a harmonia e a saúde coletiva. Não apenas em relação ao uso de drogas, lícitas ou não, mas igualmente quanto a comportamentos e ações, existe um trabalho interior a ser feito no sentido de nos imunizarmos contra o que causa danos, sejam físicos, emocionais ou mentais, a nós e aos outros.

A imunidade biológica, mais do que nunca, vem sendo estudada, e tem sido comprovado que, além de ser fundamental para a manutenção do equilíbrio emocional e da sanidade mental, o estado psíquico influencia as defesas orgânicas. Viver nos dias atuais sem se contaminar com os conflitos externos nem com a profusão de notícias negativas, degradantes e desencorajadoras requer um alto nível de imunidade psíquica, obtido com o cultivo interior e com a consequente adesão a um modo de vida harmonioso e saudável.

Acreditamos que tais objetivos devam ser prioritários em qualquer processo educativo abrangente, abarcando a vida como um todo, permitindo que seus princípios se apliquem a quaisquer setores e circunstâncias da vida. Esse ideal somente pode ser alcançado, a nosso ver, por uma educação integral, que contemple obrigatoriamente as dimensões espirituais da vida, as quais têm sido – atendendo a interesses e objetivos escusos – intencionalmente negligenciadas e omitidas na educação convencional. Nesse sentido educar é também imunizar, é vacinar contra todas as formas de ignorância, condicionamento, crenças limitantes, preconceito, intolerância, exclusão, violência e demais formas de se degradar a vida e as relações.

Leia Mais:

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.