Diante da morte – 2

Por André Sallum | 12/02/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Diante da inevitabilidade da morte, seja a nossa ou de quem convive conosco, torna-se muito importante a atitude que venhamos a ter quando esse momento chegar. Se a morte pode ocorrer a qualquer instante, nem sempre com aviso prévio, importa estarmos, tanto quanto possível, preparados para o final da vida física, nossa ou de outrem.

Uma postura saudável e uma atitude adequada perante a morte revestem-se de grande importância, mas, na nossa sociedade, predominantemente materialista, imediatista e superficial, salvo exceções, tais requisitos têm sido quase sempre ignorados ou negligenciados. Quando se é defrontado pela morte, muitas vezes se expressam desequilíbrios emocionais e dramas afetivos, quando não se é surpreendido pelo remorso ou pela culpa por aquilo que não se fez enquanto no convívio com quem partiu.

Segundo uma perspectiva espiritualista, nas situações em que nada mais houver a se fazer para a preservação da vida, a atitude que tenhamos diante da morte de alguém será determinante no sentido de auxiliá-lo ou prejudicá-lo no seu desligamento do corpo físico. Uma postura serena, amorosa e respeitosa mobiliza energias curativas e saudáveis, capazes de ajudar aquele que está num momento tão delicado da sua existência, favorecendo a sua libertação do melhor modo possível. Nesse processo uma atitude positiva auxilia não somente os parentes e amigos, pelo acolhimento prestado, mas igualmente e sobretudo a quem está se desligando dos vínculos físicos rumo a outras realidades da vida. A energia que irradiamos nesse momento, através de pensamentos, emoções e palavras, pode ajudar ou perturbar quem enfrenta a morte. Por isso, ao presenciarmos a morte de alguém ou participarmos desse período, nos tornamos corresponsáveis pelo que acontece a quem se despede do mundo material, e temos nossa parcela de responsabilidade no sentido de cooperar para uma transição serena, colaborando com tranquilidade e paz. Daí a importância de um clima de oração, silêncio e respeito para que o desligamento seja o mais natural possível.

A simples presença consciente e positiva, exteriorizando a fé, pode se configurar em preciosa ajuda àqueles que, nesse momento, possam se encontrar emocionalmente fragilizados, tomados de perturbação, perplexidade ou inconformação.

A preparação para a morte não se improvisa, pois requer esclarecimento espiritual, o fortalecimento e o cultivo da fé, e sobretudo atitudes harmoniosas em relação às leis da vida refletidas em uma consciência tranquila. Quem consegue atingir em algum grau esse objetivo permanece relativamente sereno em qualquer circunstância da vida, inclusive e especialmente na passagem do portal chamado morte.

Estamos em uma fase da evolução planetária em que se torna necessária uma ressignificação de muita coisa, inclusive da morte, retirando-lhe conotações trágicas, dramáticas ou niilistas, já que as instruções espirituais que a humanidade tem recebido ao longo dos séculos afirmam ser a morte simples transição para outras dimensões da vida.

Os seres espiritualmente despertos e conscientes invariavelmente têm manifestado uma atitude serena diante da morte, inclusive da sua própria, dando-nos precioso exemplo de fé. Essa consciência, fruto de um processo de educação integral, torna-se cada vez mais importante na formação psicológica dos seres, a fim de que se preparem adequadamente para a inevitável transição, ao mesmo tempo que, enquanto no plano físico, possam desfrutar de uma vida significativa e plena.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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