Pandemia e imunidade

Por André Sallum | 05/02/2021 | Tempo de leitura: 3 min

A recente disponibilidade de vacinas contra a COVID-19 e a vacinação crescente da população, na tentativa de reduzir a contaminação e ao mesmo tempo a transmissão do vírus, não excluem as demais providências higiênicas e comportamentais, as quais deverão ser incentivadas enquanto persistir a pandemia.

Mesmo com todas as campanhas de informação e conscientização a respeito das medidas preventivas necessárias, milhões de pessoas continuam apresentando comportamentos de risco, desrespeitando as recomendações sanitárias, expondo a si e os outros ao contágio. Essa realidade social, não exclusiva do Brasil, demonstra a dificuldade de se mudar hábitos e de se alterar comportamentos, mesmo com finalidade claramente benéfica.

Além disso, existe um quase silêncio em relação a medidas complementares e igualmente necessárias, além da vacina, para assegurar uma boa resposta imune ao ser humano. O controle e a redução do estresse, a qualidade do sono, a prática de atividades físicas, o contato com a Natureza, a exposição ao sol, ao lado de relacionamentos harmoniosos, de atividades gratificantes e significativas, são fundamentais para a integridade orgânica. Importa destacar a manutenção da saúde emocional e mental, sobretudo diante do fato de muitas pessoas permanecerem confinadas em casa.

Como nossa existência se dá em diferentes níveis, há formas de contágio nos planos correspondentes, seja físico, emocional ou mental, cada um deles requerendo cuidados específicos. Caberia perguntar o quanto nos prevenimos de contaminações mentais e dos seus efeitos pelas notícias extravagantes, sensacionalistas e degradantes que a todo momento nos alcançam e que compartilhamos, ou o quanto preservamos nosso (ainda frágil) equilíbrio psíquico diante dos constantes apelos emocionais deprimentes, violentos e irresponsáveis a que somos submetidos.

Ao lado da pandemia viral em curso existe outra, mais sutil, cujos efeitos são devastadores sobre a saúde psíquica da humanidade. O próprio modo como se lida com a pandemia influencia diretamente a qualidade da saúde mental e consequentemente a física. O desafio de se manter em harmonia interior é permanente, ao mesmo tempo que se é desafiado a não mergulhar na torrente de desequilíbrio coletivo e a não se influenciar por notícias levianas ou perniciosas, as quais atendem a interesses escusos que se aproveitam do momento atual para prejudicar seres mais frágeis ou vulneráveis.

Todos temos uma parcela de responsabilidade na manutenção da saúde coletiva, não apenas em relação aos hábitos exteriores, mas principalmente pelo nosso padrão de pensamento, pelo teor de nossas emoções e pelo conteúdo daquilo que veiculamos pela palavra, seja falada ou escrita. Nunca tivemos tantas possibilidades de agir positivamente e de influenciarmo-nos de modo benéfico e saudável, desde que vigilantes e conscientes daquilo que divulgamos e que expressamos aos outros.

Numa fase tão crítica como a atual é importante, como colaboração, procurar não sobrecarregar os outros com queixas pessoais, aumentando-lhes os sofrimentos, além do que geralmente nos queixamos de coisas fúteis diante das dores imensas que diariamente atingem multidões. Nunca houve tanta necessidade de colaboração como atualmente, sob todas as formas possíveis, e de mil modos pode-se cooperar, seja com ajuda material, oração, meditação ou, diante do sofrimento alheio, com o acolhimento, a postura respeitosa, a conduta digna, a presença amorosa e a prontidão de servir.

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