Um pouco mais

Por André Sallum | 29/01/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Frequentemente somos confrontados por circunstâncias que, além de nos desafiar e testar o equilíbrio, nos convidam, indiretamente, à reflexão sobre nossas ações. Mais importantes do que as situações em si são o modo como as encaramos e nossas reações diante delas, o que evidencia a necessidade do autoconhecimento.

Muitas vezes temos atitudes das quais nos arrependemos, quando agimos por impulso, de modo condicionado, automático ou irrefletido. Outras vezes nos sentimos tentados a desistir, a desertar de deveres e compromissos, a nos afastar de tarefas que nos parecem pouco atrativas, principalmente as que dizem respeito ao nosso aprimoramento interior. Seja pela ação ou pela omissão, sempre podemos reconhecer aspectos de nós mesmos que carecem de educação e transformação.

Quando a agressividade, nossa ou alheia, busca se expressar, na tentativa de nos induzir a atitudes destrutivas, um pouco de serenidade permite que possamos nos recompor, readquirindo o necessário equilíbrio. Quando a impaciência nos impulsiona a reações intempestivas, um pouco mais de reflexão nos assegura o retorno à calma, a fim de equacionarmos a situação da melhor forma.

Quando o desespero se acerca de nós, sobretudo nas situações-limite, um pouco mais de paciência e de calma, alimentadas e fortalecidas pelo silêncio e pela oração, é capaz de nos abastecer de energias renovadoras, a fim de superarmos os desafios. Quando o mundo exterior nos convida ao mergulho desenfreado nas ilusões materiais, um pouco mais de consciência da realidade espiritual nos garante a harmonia e a lucidez necessárias. Quando as soluções dos problemas que enfrentamos nos parecem distantes ou impossíveis, um pouco mais de paciência nos sustenta até que a melhor resposta apareça.

Quando o mundo tenta nos contaminar com a descrença e o desânimo, um pouco mais de fé é farol a nos iluminar na travessia do caminho. Quando parece não valer mais a pena nos empenharmos em ações dignificantes e enobrecedoras, diante da deserção e corrupção que constantemente nos cercam, um pouco mais de perseverança no bem e no cumprimento do dever nos renova o ânimo e nos sustenta na realização dos propósitos que elegemos.

Inumeráveis são as situações que enfrentamos no cotidiano, as quais parecem desafiar nossa estrutura psíquica. Daí a necessidade – nunca tão grande quanto hoje em dia – de nos tornarmos conscientes da força interior de que todos somos dotados, evocando-a e mobilizando-a para que nos ajude nos momentos difíceis que todos enfrentamos. Podemos dizer que um pouco mais de fé e de confiança nos desígnios divinos nos assegura a força para superarmos esse período tão desafiador da existência individual e coletiva, pois os valores espirituais se mostram imprescindíveis no atual período planetário que atravessamos.

Da mesma forma, um pouco mais de humildade nos convida a reconhecer que somos dependentes do trabalho, serviço e boa vontade de milhões de seres, o que desperta em nós o sentido de fraternidade e a gratidão. Um pouco mais de sinceridade nos permite identificar o quanto temos a trabalhar sobre nós mesmos, antes de nos posicionarmos como críticos e juízes dos outros, sejam pessoas, instituições ou governos.

Um pouco mais de boa vontade nos permite enxergar o imenso campo de serviço à nossa espera, em todas as áreas da vida, a começar pelo nosso interior e pelas relações com os mais próximos – talvez a maneira mais imediata de colaborarmos na edificação de um mundo melhor.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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