Quando tudo passar

Por Marisa Bueloni | 22/01/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Vai passar? Ninguém sabe. Já são 10 meses dentro de casa, tomando todos os cuidados, com rigorosa lavagem das compras. Ninguém achava que um dia lavaria frutas e embalagens diversas com esponja e sabão. Hoje lavamos e já perdeu a graça.

Vai passar, meu Deus? Virá uma vacina segura e confiável? Podemos tomar a tal picada sossegados? Não nos surpreenda uma doença estranha daqui a alguns anos. O que já lemos e ouvimos acerca das vacinas é aterrorizante. Verdade? Mentira?

Se passar, pretendo voltar às aulas de Pilates. Ah, Como me fazem bem. Tenho 3 cirurgias de coluna em meu currículo clínico e faço as aulas por recomendação médica. O Pilates e a yoga são metade da minha vida, da minha saúde.

Ninguém sabe se isso vai passar. Se teremos, como dizem, de conviver com o vírus e priorizar nossa imunidade. Só que esta doença leva alguns infectados às UTIs da vida, exige respiradores e promove uma devastação no organismo.

Passa, doutores?

Passa para alguns. Vemos os recuperados deixando o hospital em cadeira de rodas e consta que a recuperação em casa não é fácil. Mais: o vírus pode deixar sequelas. Bem, nada na vida é fácil. Pegar esta Covid-19 não deve ser algo que se tira de letra.

Se passar, gostaria tanto de ir à praia! Ah, fazer de conta que tudo passou, nada houve de errado com 2020, ninguém morreu, e o mundo é maravilhoso. As pessoas são bondosas e belas. Tudo é saudável. Não existe risco nenhum lá fora.

A vida é gentil, existe paz à nossa volta e um dom divino permite que as dores passem.

Quando dói aqui e ali, que delícia é tomar o abençoado Dorflex que ajuda a passar a dor! Usar a Canela de Velho, fazer uma boa massagem no local dolorido, sentir o efeito da ardência, do esquentamento e deitar. A dor vai passando, a gente vai sonhando com o Paraíso e sentimos de novo a alegria de viver.

Mas e se não passar? E se tivermos de nos manter para sempre neste esquema de prisão domiciliar, pedindo as compras pelo Whastapp de supermercados e frutarias? Das farmácias, do comércio com o qual temos de nos comunicar, para comprar algo necessário? Ah, que medo, às vezes, tenho de sair à rua, ir ao médico, ao dentista, à renovação da CNH.

Vai passar para podermos ir à santa missa de novo? Que saudades da Igreja dos Frades, da missa das 11 horas no domingo, das homilias do frei Alberto, que também foi embora da cidade e está celebrando missas lindas em Santos.

Amados frades franciscanos, quanto vos amo! Frei Augusto, descanse em paz!
Enquanto não passa, vivo um dia de cada vez. Como se pudesse ser diferente! Faço o que tem de ser feito, cumpro a rotina da casa, tomo sol no quintal, seco o cabelo no vento das manhãs deste verão brasileiro. Toco violão, ensaio, gravo no celular, mando as músicas aos amigos, fica bonito até. Alguns dizem que eu poderia ter tido uma carreira de cantora. Obrigada, gente!

Desejamos que passe. Às vezes, me ocorre uma ideia. Convocar os devotos da Virgem Santíssima e organizar uma linda procissão, todos de máscaras, guardando distância, velas acesas, flores, saindo pelas ruas da cidade, com a reza do terço e cânticos marianos entre as dezenas. Aquela reza de antigamente, quando as pessoas tinham fé. Fé, esperança e caridade!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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