Que esperar do ano novo?

Por André Sallum | 08/01/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Diante de tudo o que aconteceu no ano que se encerra – com destaque para a pandemia, suas consequências e repercussões na vida de todos – somos constrangidos a relembrar diariamente nossa finitude material, a transitoriedade e a fragilidade da vida física, as limitações da ciência e a necessidade de lidarmos com as incertezas. Isso nos leva a reconhecer nossos limites como indivíduos e como humanidade, ao mesmo tempo que nos convida a enfrentarmos frustrações e perdas. Esse reconhecimento não significa nos fixarmos nem nos cristalizarmos nessa condição, mas nos permite identificar com lucidez os aspectos que ainda nos caracterizam, individual e coletivamente, e realizar as transformações necessárias para mudarmos a nossa realidade e consequentemente a da coletividade de que fazemos parte.

Nessa jornada importa admitirmos que são inevitáveis os tropeços, erros, desvios e insucessos, tudo como parte da nossa condição humana em evolução. Encarar aspectos indesejáveis ou imperfeitos da existência sem camuflagens, dissimulações nem fugas é importante, sem o que continuamos criando expectativas irreais e fantasiosas em relação a nós mesmos e aos outros – sejam pessoas, grupos, instituições ou governos – e depois nos decepcionamos ao enfrentarmos os fatos.

Parece-nos relevante reconhecermos que não temos controle sobre os outros, sobre condições, circunstâncias e variáveis externas. O mais importante, o que está realmente ao nosso alcance, é a nossa realidade individual, a qual depende de escolhas, decisões e ações – isso sim podemos mudar, com reflexos sobre aqueles que estão no âmbito da nossa consciência e sob nossa influência direta.

Portanto, alimentar a ilusão de que pelo simples fato de o calendário mostrar 2021 as coisas mudem de modo mágico é um modo seguro de se frustrar, ao mesmo tempo de eximir-se das responsabilidades que cabem a cada um em relação ao próprio destino.

Quanto mais alguém depende de situações externas para a própria satisfação, mais se torna refém delas, as quais são instáveis e, sobretudo nos tempos atuais, mudam com rapidez e de modo inusitado, exigindo de quem as enfrenta uma grande dose de coragem, lucidez e desapego. Vivemos tempos turbulentos em meio a uma transição planetária, o que requer tenhamos serenidade, fé e força interior capazes de nos sustentar durante essa fase especial por que passam a humanidade e o planeta.

Nesse contexto o otimismo é fundamental, expresso em ações coerentes e construtivas, e não em meras fantasias ou em esperanças vãs. Reconhecer – segundo revelações espirituais ofertadas à humanidade desde tempos passados – que vivemos o ocaso de uma civilização para o surgimento de outra, melhor, para o advento da qual são necessárias intensa purificação e transformações globais – traz a clareza necessária ao cumprimento das tarefas na construção do mundo novo que almejamos.

É claro que votos de felicidade e desejos de sucesso e prosperidade, comuns na passagem de ano, têm seu valor, pois, além de expressarem boas expectativas de quem os formula, funcionam, desde que sinceros, como mantras positivos, favorecendo a realização daquilo que se almeja. Ocorre que, para funcionarem como catalisadores das melhores realizações possíveis, esses votos precisam estar em harmonia com leis espirituais, as quais regem os destinos individuais e coletivos. Portanto, além de simples desejos, mais importante é colaborar para um ano melhor através de melhores pensamentos, sentimentos, palavras e ações.

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