Uma palavra para o Ano Novo

Por Marisa Bueloni | 04/01/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Quem me dera elaborar um manual para 2021, um receituário bem detalhado, com itens preciosos, na tentativa de propor algo semelhante a uma sabedoria invulgar, regras de bem viver, de bem amar e sonhar. Quem me dera!

Vivemos hoje num ambiente altamente tecnológico, virtual e digital, correndo o risco de nos distanciar cada vez mais da realidade, do mundo natural e real, para cair perigosamente numa rede de complexidades que nem sempre corresponde aos anseios do nosso coração.

Se isso é assustador, é também atraente e fascinante. Com espírito crítico e discernimento, faça-se bom uso do que dispomos hoje em dia. São novidades que surgem de instante a instante, abrindo inúmeras portas para a comunicação, a informação e o conhecimento.

Vivemos a era do conhecimento e quem o detém está em posição privilegiada. Trata-se de matéria inquestionável. Pelo conhecimento, é possível mudar nossa realidade. Utilizando as ferramentas corretas, tanto intelectuais quanto técnicas, alguém habilidoso e competente descobre como superar as dificuldades de uma região árida. Esta pessoa saberá como produzir e utilizar a água de forma sustentável.

Segundo o físico Marcelo Gleiser, somos “a consciência cósmica, somos como o Universo reflete sobre si mesmo”. E pela profunda conseqüência desta revelação, acredito que podemos encontrar nela o principal fundamento da vida. O Universo nos habita e somos o reflexo dele.

Nunca é tarde para começar um novo tempo. Depois do ano velho marcado por desastres de toda ordem, corrupção a perder de vista, atropelos políticos e prisões impensáveis, mortes que nos fizeram chorar um luto desesperador, queremos pedir a Deus uma trégua.

Venho pedindo isso há muito tempo. E não apenas na passagem de um ano para outro, momento que muitos acreditam ser particularmente mágico ou místico, onde nossos desejos podem se realizar se pedidos com força e fé. Sim, talvez, se soubermos simplesmente rezar baixinho, para falar com Deus.

Deus sabe que um ano de graças depende mais de nós do que d´Ele. Nós precisamos de Deus todos os dias e cabe ao homem transformar este mundo num lugar habitável, onde além de leite e mel, jorrem as fontes da justiça, do amor e da paz. A construção desta cidadela é tarefa humana.

Se existe uma sabedoria a ser escrita com humildade e entendimento, acredito ser ainda aquela que diz respeito à simplicidade. Viver de modo a tirar da natureza o necessário, sem exauri-la. Respeitar toda forma de vida e agir com gratidão. Ter atitudes éticas, pensando no próximo, em como melhorar a qualidade do nosso meio, da nossa comunidade.

Frei Saul, numa célebre homilia em missa de Ano Novo, anunciava: “Gente, não muda nada, apenas a data na folhinha”. Sim, não se iluda. A vida continua e a pandemia também. Enquanto existir fome, violência, corrupção e outras insanidades, parece-nos utópico pensar num feliz ano novo.

Nas mensagens proféticas, Nossa Senhora diz que a oração tem o poder de transformar situações. O terço detém as guerras. Nesta hora especial, de renovação e de sonhos, a grande sabedoria é orar. Seja a fé a nossa lúcida salvação. E para todos nós, um ano de saúde e paz.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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