Essas coisas...

Por Marisa Bueloni | 25/11/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Quero o sabor da infância, a bolsa de couro, novinha, do antigo primário, com um cheiro que impregnava a alma e os sentidos. Quero uma lancheira com alça de cruzar no peito e um pão com a goiabada feita pelas mãos da minha mãe. Quero de volta a inocência da vida. Aquela que todos perdemos, um dia, quando se descobre a verdade. E aí, não tem mais volta.

Quero agradecer a Deus pelos amigos que Ele me deu. São muitos, cara. São centenas e centenas. Coisa mais linda. Nunca pensei ter tantos amigos assim. São bons como um pão feito em casa. Cheiram a pêssego maduro, a jasmim. Têm a doçura da cana de Piracicaba. A gente precisa e eles estão lá, prontos para uma palavra, um carinho, uma força.

Quero ver você, pelo amor de Deus! Mostre-me seu rosto, mande uma foto, meu anjo. Precisamos nos conhecer. Esta tal de internet é uma coisa ótima, mas nossa amizade precisa de laços mais consistentes. Qual a cor dos seus olhos? E que perfume você usa? Seu prato preferido? Essas coisas. Dê notícias sempre, não vire sabão.

Quero esperar o inesperado. O segundo sol, a terceira margem, a sétima estrela. Quero ver de perto a beleza. Vou surtar à sua chegada e será arrebatador. Espio devagarzinho, um lance esperto, fecho um olho, tapo a vista, faço de conta que ela não chegou. E pergunto: posso olhar? Ainda não.

Quero cantar uma canção sob as estrelas e pegar num raio de luar. Depois chorar. Preciso chorar. Meu peito está trespassado de dor, de saudade, de esperança! Vinde, ó, arauto da paixão. Algo novo rumina dentro da minha alma e não sei o que é. Se soubesse vos diria. Mas não sei.

Quero ler um livro onde haja uma história de amor - esse dono das nossas almas e que canta ao nosso redor. Quero ler até cansar e depois dormir o sono dos séculos. Acordar plena e com o coração batendo a alegria de viver. Se tiver um café fresco na cozinha e panetone do Natal, melhor ainda.

Quero comer muita fruta, muito peixe grelhado, muita salada, muita fibra, muita castanha-do-Pará e tomar suco de uva integral. Tenho de estar em forma. O mundo tem de estar em forma. Nada de mudar o eixo, ainda, tá? Dá um tempo. Caba não, mundão!

Quero a plenitude dos momentos inexatos. Aquele onde tudo falta e, no entanto, tudo preenche. Você não entendeu. E não é para entender mesmo. Não se preocupe.

Quero dizer o que ainda não disse. O que fica lá, no substrato. Oras, nem o tal santo fogo tomei ainda. Ou será fogo santo? Quem se habilita a tomá-lo comigo? “In vino veritas”. Quero tomar o fogo ao lado de quem tenha juízo.

Quero que a vida seja lei e não que a lei seja vida.

Quero que você seja feliz, meu anjo. Felicidades, meus amigos queridos, minhas amigas lindas. Grata por existirem, por fazerem a festa do meu coração. Ah, os mineiros, que turma boa! E os paulistas, os cariocas, os gaúchos, os paranaenses, os do norte-nordeste! Tenho de citar Estado por Estado, tem gente bacana demais em cada canto deste país e deste mundo vasto mundo. Se eu me chamasse Raimundo…

Quero que este texto sem pretensão nenhuma leve a cada coração o meu coração. Que a vida pegue leve conosco. Que as dores sejam suportáveis, nada que um Paracetamol não resolva. Nenhuma cirurgia à vista, por favor. Nem para mim, nem para os que me leem neste momento.

A Tua graça me basta, Senhor!

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