Em busca de liberdade – 1

Por André Sallum | 21/08/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Bem fundamental da vida e anseio de todos os seres, a liberdade parece ser tão valorizada quanto mais alguém se veja dela privado. A história da humanidade sempre foi permeada pela busca de muitas formas de liberdade, geralmente conquistadas após longos períodos de lutas, sofrimento e opressão; também se caracterizou pelo estabelecimento de mecanismos legais que assegurassem tais conquistas, ao lado de medidas punitivas a quem desrespeitasse o direito alheio.

A liberdade, sendo plural e multifacetada, se expressa em muitos aspectos, dentre os quais: de pensamento, de convicção, de orientação sexual, de escolha profissional, artística, político-ideológica, religiosa.

Com respeito às relações interpessoais saudáveis, nelas coexistem o vínculo e a liberdade; a interdependência, com trocas e compartilhamentos, ao mesmo tempo que se asseguram o espaço e a relativa autonomia de cada um. Já na codependência ocorre desvirtuamento dos relacionamentos e privação da liberdade dos envolvidos, e no caso das relações abusivas, há o cerceamento, mais ou menos ostensivo e violento, da liberdade alheia, além da destruição da beleza do convívio, seja por chantagens, ameaças, intimidações ou mesmo pela criação de situações que perpetuem vínculos disfuncionais. Essas situações constrangem as pessoas nelas envolvidas a comportamentos e atitudes que impedem a espontaneidade, a autenticidade e a sinceridade, fundamentais à construção e manutenção de qualquer convivência saudável.

Ao lado da incessante busca de liberdade existe a necessária aceitação dos limites que a vida e as circunstâncias impõem. A vida de qualquer ser é, neste mundo, necessariamente finita e imperfeita. Sempre existem limites físicos, emocionais, mentais, financeiros, sociais, dentre tantos. Essa realidade nos constrange a aceitarmos a finitude e limitação da condição humana, o que não impede que prossigamos em busca de expandir os horizontes em todas as áreas do viver nem que cultivemos a serenidade diante do que se mostra além de nossas possibilidades.

Os condicionamentos, as expectativas e pressões externas, bem como qualquer forma de violência ou opressão, podem impedir o livre florescimento da natureza essencial de cada um, a qual é viva, criativa, transformadora. Portanto, para que essa essência se expresse e conduza à realização existencial, faz-se necessário dissipar ou remover o que obstrui e atrapalha seu livre fluxo.

Por imaturidade e ignorância, frequentemente buscamos pela liberdade onde ela não está, ou procuramos situações que nos satisfazem momentânea e superficialmente, mas que, logo após, nos prendem e enredam. Sobretudo os mais jovens, no anseio natural de se libertarem dos condicionamentos familiares e sociais, de pertencerem a um grupo e de serem aceitos, reagem contra aquilo que lhes é imposto e que os oprime. Nesse afã de se emanciparem, muitos se envolvem em situações cujos efeitos são opostos ao que almejam: relacionamentos conflituosos, paixões perturbadoras, gravidez precoce ou indesejada, dependência química, alcoolismo, violência.

A fim de evitar esses e outros transtornos, uma correta instrução quanto às leis que regem a vida e sua aplicação à própria existência permitem a compreensão de que se é livre para agir tanto quanto responsável pelas consequências de cada ação. Isso evita a queda em muitas armadilhas e ilusões ao mesmo tempo que permite um uso mais sábio da própria liberdade, com vistas a um viver mais pleno.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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