Companheiros de jornada

Por André Sallum | 14/08/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Ao longo da viagem existencial, que compreende o período entre o berço e o túmulo, carregam-se inúmeros pertences, materiais e imateriais, ao mesmo tempo que se conta com a companhia de muitos seres, desde os ocasionais até aqueles que compartilham com o viajor grande parte da trajetória.

Interessante observarmos que durante essa jornada, seja para onde formos e o que quer que estejamos fazendo, sempre levaremos nosso estado de espírito, nossas emoções, pensamentos, ideias, nosso caráter. Sempre somos acompanhados pelo conteúdo psíquico que trazemos em nosso interior. Então, parece importante atentarmos para o tipo de companhias que escolhemos, não apenas externas, mas igualmente as que carregamos na mente e no coração.

Se escolhermos e cultivarmos pensamentos elevados, sentimentos puros, ideais nobres, teremos companhias com as quais poderemos contar nas situações problemáticas e desafiadoras que encontrarmos ao longo do caminho. Desses companheiros destaca-se a fé, sempre pronta a nos sustentar nas situações mais adversas, a nos reerguer diante de quedas e a nos manter firmes na execução das tarefas que nos propomos realizar.

Se muitas circunstâncias da vida e das relações interpessoais nos escapam à possibilidade de escolha, tal não ocorre com respeito às companhias interiores, as quais sempre podemos eleger e selecionar. Por um princípio de afinidade e de sintonia, os conteúdos internos que escolhemos e cultivamos atraem e determinam as companhias externas que se aproximam de nós e que nos acompanham.

Como estamos sempre diante da própria consciência, é razoável e saudável que desejemos nos sentir bem com nós mesmos, que escolhamos alimentar nossa mente e nosso coração com pensamentos e sentimentos de boa qualidade. Somente assim, preenchidos de conteúdos positivos, podemos atuar positivamente junto a quem compartilha conosco períodos, sejam breves ou longos, da nossa existência.

Com relação a essa jornada, parece útil observarmos o quanto carregamos cargas desnecessárias, inúteis ou prejudiciais, aumentando o peso de nossa bagagem e dificultando-nos o prosseguimento. Mágoas, ressentimentos, culpas, medos, nostalgias, preconceitos, condicionamentos, crenças limitantes, conflitos – esses e inúmeros outros conteúdos psíquicos nos pesam na alma e impedem um caminhar mais livre, leve e saudável. O mais incrível é que teimamos em carregar, às vezes por longos anos, o que tanto nos pesa, além de sobrecarregarmos os outros com nossas críticas e queixas. Felizmente, mediante um processo educativo e terapêutico, seja pelos meios convencionais ou não, torna-se possível a liberação dessas cargas e a superação desse estado.

Ainda que não saibamos exatamente qual a finalidade de nossa existência, todos temos uma força que nos impulsiona, que nos move, que nos mostra o rumo correto a seguir, que provém do mais profundo do nosso ser. Quando reconhecemos e seguimos esse impulso, o que pode ser facilitado pelo desenvolvimento da intuição, sabemos estar realizando o que seja mais correto e sentimos segurança e satisfação ao fazê-lo.

A fim de o conseguirmos e de nos realizarmos mais plenamente como seres humanos, temos a possibilidade de escolher as melhores companhias interiores e de compartilhá-las com os outros, ao mesmo tempo levando conosco apenas o que há de mais leve e sutil, como alegria, amor e paz, tornando, desse modo, a jornada existencial uma viagem mais bela, agradável e significativa.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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