Haveria tanto a dizer! Que o país – e o mundo – passa por uma espécie de provação. Está sendo testado em sua capacidade de reagir, de se organizar e administrar uma paralisação monumental. Nunca se viu nada igual antes.
Mas não sei se a crônica deseja abordar os efeitos emocionais e psicológicos desta quarentena sobre os seres humanos e as demais consequências, entre elas o colapso econômico, mais um grande drama do brasileiro. O texto pulsa na tela do monitor e pretende ir além da realidade. As palavras pedem passagem, mas gostariam de desfilar a beleza dos fonemas e das sílabas.
Penso em deixar para os artigos de fundo a abordagem geral da pandemia, a análise dos últimos acontecimentos e sinto aquele impulso de permanecer no estado de sonho. A realidade é demais angustiante e alguns não querem sair do onírico cenário onde se pode sonhar um pouco, para ignorar a dor do mundo, a dor que nos cerca.
Uns dizem que estamos em guerra. Não aquela, nuclear, com os mísseis, as ogivas e os bombardeios. Toda guerra é estúpida. Toda guerra é sem sentido. Toda guerra é aterradora. Sua gênese parte de um primitivo ódio: não gosto de você, não penso como você, você é inferior, minha crença é diferente da sua. O outro responde: também não gosto de você. E se declaram guerra. Ambos vão para o campo de batalha, munidos de armas impensáveis, inimagináveis, engendradas pela tecnologia de hoje.
Dizem que estamos numa guerra bacteriológica. O vírus teria sido jogado sobre a China, o eleito país-sede, a origem desta pandemia. O que se pretendia com isso? Olhe bem para o colapso econômico mundial e não é difícil concluir. Lance um olhar para os milhões de mortos no mundo todo e reflita por que o vírus existe.
Outros dizem que estamos no chamado “princípio das dores”, em pleno desenrolar dos acontecimentos que terão o seu auge com a abertura dos selos apocalípticos. Já ouve o trote dos quatro cavaleiros do Apocalipse? A fome, a peste, a guerra, a morte?
Em meio ao sentimento de profundo pesar, os humanos sensitivos têm visões. Os anciãos têm sonhos. Aquela viu um tsunami colossal, engolindo enormes extensões de terra. Aquele viu fogo caindo do céu. Cairá?
Por que estas visões e sonhos? Por que a sensação de que não se vê o mês passar? O ano mal começou e já estamos entrando em agosto. É o efeito invisível da Ressonância Shumann? A aceleração do tempo, da frequência com que a Terra pulsa?
Sossegue seu coração. Continue cumprindo sua santa rotina dentro de casa. Ela é salvadora, curativa. Regue suas plantas, fale com seu cachorro, leia, reze, medite, toque violão e cante. Eu canto os Salmos, ponho música neles. Componho uma cantiga suave para os nove coros de anjos. Ler a Palavra é primordial nestes tempos estranhos.
Assim, cumpro a rotina diária, doméstica. A roupinha pra lavar, a comida a ser feita, a casa a ser limpa. O pedido das compras, a entrega do supermercado e a lavagem dos produtos. Guardar tudo, organizar, dar ordem em meio a este caos em que se transformou a nossa vida. Se os restaurantes e os bares estão fechados, abra o vinho em casa, peça uma pizza e celebre. Seja o jantar de um só, ou de quatro pessoas na mesa, celebre.
Espera no Senhor! Sê forte e tem coragem! Espera no Senhor!