Atitudes diante do sofrimento – 5

Por André Sallum | 17/07/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Em virtude da dimensão que o sofrimento assume na vida humana, principalmente nos casos mais intensos e de longo curso, cabe uma reflexão sobre a importância e o significado da espiritualidade, ao lado da necessária busca pela solução ou cura. Qual o sentido de se procurar a dimensão espiritual diante de dores que se mostram tão reais quanto desafiadoras?

Parece fundamental compreendermos primeiramente que a simples adesão a uma crença religiosa e às práticas a ela relacionadas, bem como a frequência a templos e a participação em rituais ou cerimônias, não isentam o indivíduo de enfrentar os sofrimentos que lhe estejam associados, os desafios e problemas que fazem parte da sua jornada existencial, as provações e testemunhos que assinalam sua caminhada sobre a Terra, as lições que devem ser assimiladas, os conflitos íntimos que carrega consigo e que necessitam ser solucionados.

Um dos aspectos benéficos dos ensinos espiritualistas é a compreensão de determinadas leis e sua aplicação prática, o que, além de aclarar a mente e asserenar o coração, habilita a pessoa a usar os melhores recursos possíveis para livrar-se das dores evitáveis e, ao mesmo tempo, abster-se de ações que poderiam gerar novos dissabores e aflições. Nesse sentido os ensinamentos espirituais têm ao mesmo tempo função preventiva e terapêutica.

É importante que se reconheça o papel dos grupos religiosos como núcleos de acolhimento, orientação e apoio psicológico, além de se ressaltar o valor de orações, estudos, meditações e trabalhos voluntários neles realizados, especialmente em situações de grande sofrimento, sejam individuais ou coletivos.

Prática constante em qualquer caminho espiritual verdadeiro, o serviço pelo bem alheio constitui valiosa ferramenta transformadora, a qual habilita o ser a desenvolver virtudes e a transmutar a condição em que se encontra, alterando para melhor o próprio destino e a realidade ao seu redor. A aplicação correta desse princípio favorece mudanças positivas, pois não existem ações benéficas que não produzam bons frutos.

O cultivo da oração, presente em todos os movimentos espiritualistas e religiosos, desde que praticada com sinceridade e pureza, é capaz de acender a luz interior, ao mesmo tempo em que fortalece a conexão do ser com a Fonte da vida, aumentando-lhe as resistências psíquicas e inspirando-o às melhores atitudes e condutas. A oração é um mergulho que permite ao ser encontrar recursos no interior de si mesmo, de onde haure energias, lucidez e fé para prosseguir nas tarefas construtivas ou reconstrutivas às quais esteja se dedicando.

A fé, essa força interior, muitas vezes constitui o único apoio em circunstâncias nas quais os recursos materiais e humanos se mostram insuficientes ou infrutíferos. Quem possui uma fé verdadeira, mesmo diante das maiores adversidades, prossegue firme nos caminhos aos quais a vida o impulsiona, enquanto aqueles destituídos de fé facilmente desanimam, deprimem-se ou se revoltam, desistindo dos necessários esforços para a própria transformação, cura e libertação. Confirmando esse fato, existem incontáveis exemplos, ao longo da história, de profundas transformações e curas produzidas pela fé, evidenciando o quanto os potenciais humanos ainda se encontram inexplorados e, independentemente de rótulos religiosos e de convencionalismos humanos, o poder transformador e curativo da fé.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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