A conquista da Paz

Por André Sallum | 24/01/2020 | Tempo de leitura: 3 min

A situação que se vive atualmente, desde a realidade individual, passando pelos relacionamentos interpessoais até as relações internacionais mostra-se de tal forma complexa, conflituosa e desafiadora, que parecemos, como humanidade, não ter meios de equacionar as questões que se nos apresentam. Modelos, sistemas e estruturas antigos mostram-se completamente inadequados e impotentes para resolver os crescentes conflitos e os delicados problemas contemporâneos, o que requer novas perspectivas e propostas diante de tal situação.

A paz nunca se fez tão necessária, sobretudo em um mundo cada vez mais interconectado, globalizado e plural, no qual as mais diversas etnias, culturas, crenças e modos de pensar e agir se aproximam, graças aos meios de comunicação. Esse fato torna urgente e imprescindível uma mudança de atitude interna e consequentemente de conduta, que se reflita em maior compreensão, inclusão e respeito à diversidade que, a cada dia e de modo irreversível, se faz mais presente. Os dispositivos de comunicação atualmente disponíveis a grande parcela da população permitem que se tome contato, a cada momento, com ideias, formas de agir e viver que fogem aos padrões com os quais se estava habituado. A diversidade aproxima-se cada vez mais de todos, queiramos ou não, o que nos exige maior flexibilidade e aceitação ou, pelo menos, tolerância e respeito, a fim de que seja possível viver e conviver sem gerar, alimentar nem favorecer guerras, opressões, crueldades e demais formas de se agredir o ser humano e de se atentar contra a sua dignidade. Cremos que mesmo as religiões, no seu aspecto humano, merecem uma reflexão quanto ao modo de atuarem na sociedade, a fim de que sejam verdadeiramente promotores de concórdia, exemplos de respeito e de caridade, sem o que não teriam razão de ser como instituições promotoras da paz. Isso obviamente não significa abdicar de valores que se considere os mais dignos e corretos, nem aceitar o que viole seus princípios fundamentais, mas sim exercitar, como prática fraterna, o respeito à liberdade alheia e à imensa diversidade humana que abarca os mais variados aspectos do viver, favorecendo assim um mais saudável conviver.

Somente quem se encontra em harmonia consigo mesmo e seguro com relação ao caminho que escolheu trilhar pode permanecer em paz e irradiá-la, sobretudo nas situações desafiadoras e potencialmente desencadeadoras de conflitos que tão frequentemente se apresentam no cotidiano.

Esse estado de paz interior – objetivo de qualquer caminho espiritual – pode ser considerado resultado de um amadurecimento interior, de um crescente autoconhecimento, da comunhão cada vez mais intensa, profunda e estável com a fonte da vida e da expressão dessa comunhão como compaixão, sabedoria, serviço altruísta e harmonia nas relações consigo mesmo, com o próximo e o mundo.

Nos tempos atuais, de intensas e crescentes transformações, as quais abrangem todas as dimensões da existência, torna-se imprescindível a conquista e a manutenção de certo nível de paz interior, a fim de que se possa prosseguir com segurança na realização dos propósitos existenciais mais significativos, com vistas à plenitude humana. Sem essa paz interior, nenhuma conquista externa tem valor nem pode ser adequadamente apreciada, pois quem se encontra perturbado ou angustiado, aflito ou infeliz é incapaz de sentir e de compartilhar as belezas, alegrias e dádivas da vida.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.