A vida e a morte de David Bowie

Por Rubinho Vitti | 10/01/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Anteontem, 8 de janeiro de 2020, David Bowie faria 73 anos. Hoje, 10 de janeiro, faz quatro anos que ele não está mais entre nós. Isso transformou a segunda semana de cada ano, desde 2016, de uma forma especial para os fãs e admiradores da vida e da obra de uma das maiores lendas da música - e da moda, e das artes plásticas, e da cultura pop - de todos os tempos. E cá estou eu aqui falando novamente dele, de novo. E não será a última vez!

E 2020 é o terceiro ano que participo de um evento em Dublin, aqui na Irlanda, onde vivo, que homenageia Bowie justamente durante os dias em que se celebra o seu nascimento e se lembra sua morte. O Dublin Bowie Festival surgiu justamente em 2016, com uma grande notícia: Bowie acabara de lançar seu novo álbum, Blackstar. O evento, com apenas dois dias, terminou no dia 10 com um show que reunia músicos irlandeses. Mal sabiam que naquele fatídico domingo viria outra notícia: David Bowie morre após lutar contra o câncer.

O luto misturado com a celebração do festival impulsionou para que ele ocorresse nos anos seguintes e chegasse à quinta edição em 2020. Neste ano, ele começou na quarta-feira e termina no próximo domingo. O mais impressionante é a variedade da programação dedicada a David Bowie.

Em Silhouettes & Shadows (silhuetas e sombras), as artistas plásticas Sara Captain e Maria Primolan mostram seus quadros e esculturas todos baseados na figura de Bowie. Elas ainda fazem um paralelo da carreira do roqueiro com os pré-Rafaelitas, importante movimento artístico que mudou os rumos da estética da arte.
A figura de Bowie também é inspiração para jovens artistas que recriaram sua imagem na exposição The Man Who… colocando-o em diversos ambientes da cultura pop ou como ícone minimalista.

Bowie também inspirou a criadora de livro infantis Maria Isabel Sanchez Vegara a publicar a história do artista em sua série Little People, Big Dreams, voltada para crianças. Apesar da conturbada vida sexual, uso excessivo de álcool e drogas, além da androginia, Bowie se torna um herói para os pequenos nessa adorável biografia ilustrada. A autora participa de um bate-papo sobre o assunto durante a semana.

O cinema Lighthouse vai exibir filmes em que Bowie atua como Labirinto, no qual foi coprotagonista e vilão, e A Última Tentação de Cristo, aquele em que Jesus é vivido por Willem Dafoe e Bowie interpreta Pôncio Pilatos.

Claro que a música também entra em jogo. Na quarta-feira, dezenas de músicos e fãs se reuniram para cantar Bowie justamente no dia do seu aniversário, abrindo a programação da Dublin Bowie Festival. Foi encantador ver jovens descolados ao lado de vovôs e vovós roqueiros dançando e cantando emocionados verdadeiros hinos como Space Oddity e Starman. Outros tantos shows ainda acontecem até domingo, incluindo um em que estarão reunidos músicos que tocaram com Bowie como o baixista Tony Visconti e o baterista Woody Woodmansey, da banda & Spiders From Mars, celebrando os 50 anos do álbum The Man Who Sold The World.

Eu sei que a maioria de quem pode estar lendo este artigo está longe de Dublin. Mas falar sobre esse festival é mostrar a capacidade de um artista em ser dinâmico, versátil, múltiplo e gênio, mesmo depois de ter partido. E no caso de Bowie, usar esses adjetivo é simplesmente um enorme pleonasmo.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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