Higiene, prevenção e cura

Por André Sallum | 10/01/2020 | Tempo de leitura: 2 min

A importância da higiene é amplamente reconhecida pelas ciências da saúde, sobretudo após a descoberta dos micro-organismos patogênicos. As medidas higiênicas têm caráter profilático, visando reduzir os riscos de contaminação e consequente infecção. Essas medidas devem se estender à água e aos alimentos que se ingere e ao ar que se respira, já que não basta manter a limpeza do corpo quando se respira um ar poluído e se ingerem alimentos contaminados por patógenos ou agrotóxicos.

Ampliando a aplicação dos princípios higiênicos à dimensão psíquica, percebe-se que aspectos muito importantes relativos à higiene emocional e mental têm sido negligenciados, haja vista a proliferação indiscriminada de informações altamente perturbadoras, as quais, graças às redes de comunicação, têm causado ou intensificado conflitos, transtornos e sofrimentos psicológicos que se alastram e alcançam dimensão pandêmica.

Em face de tal situação, seriam altamente benéficos programas e processos educativos que fomentassem o cultivo do equilíbrio emocional, o reconhecimento, a escolha e a expressão de sentimentos saudáveis, harmoniosos e positivos, ao lado de ideias criativas e ideais nobres. Isso certamente existe, mas ainda se restringe a pequenos grupos ou instituições específicas, longe do alcance do grande público. Saúde mental não deve se restringir ao uso de remédios para distúrbios já instalados nem à redução de danos nos casos em que já houve uma degeneração das condições psicológicas do indivíduo. Medidas preventivas deveriam ser prioritárias e ocupar lugar de destaque em qualquer programa que vise à saúde individual e coletiva.

Se existe preocupação constante quanto a medidas para se evitarem as contaminações biológicas, é injustificável a negligência quanto aos agentes que, à semelhança dos micróbios, vêm se alastrando e permeando todas as redes de comunicação humana, contaminando-as com mensagens deprimentes, perversoras, degradantes e violentas. Diante da disseminação indiscriminada de informações perturbadoras, torna-se urgente a conscientização quanto aos efeitos deletérios que provocam no complexo e delicado psiquismo humano.

Infelizmente a higiene mental não recebe – com raríssimas exceções – atenção especial, o que deveria ocorrer como parte de um processo educativo integral, a fim de se evitar a elaboração, recepção e compartilhamento de informações contrárias à harmonia e à dignidade humana. A negligência e irresponsabilidade quanto à profusão e fluxo de ideias malsãs se reflete na imensa contaminação psíquica que livremente atinge a humanidade, principalmente os mais vulneráveis: jovens e crianças.

Em direção oposta a essa corrente desagregadora, todo caminho ou movimento espiritualista sério e legítimo orienta seus adeptos a seguirem um programa de higiene psíquica, com vistas a uma maior harmonia interior – lucidez e clareza mental, ao lado de um estado emocional sereno e pacificado – condição indispensável a qualquer conquista espiritual. Integrando essa proposta, a educação dos pensamentos e o equilíbrio emocional têm caráter preventivo, ao tornarem quem os pratica menos suscetíveis aos distúrbios e conflitos predominantes na atualidade, ao mesmo tempo que evoca suas potencialidades e lhes dá orientação adequada, permitindo que fluam mais livremente, com repercussões positivas na vida individual e no organismo social.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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