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'Tons de Clô', biografia de Clodovil, chega às livrarias

Por Paula Maria Prado@paulamariaprado |
| Tempo de leitura: 3 min
Frase. 'Vocês acham que eu sou passivo? Pisem no meu calo para ver', cravava Clodovil durante campanha para deputado federal
Frase. 'Vocês acham que eu sou passivo? Pisem no meu calo para ver', cravava Clodovil durante campanha para deputado federal

O mesmo cacique Cunhambebe, que lançou uma maldição sobre Ubatuba em 1563 - na época em que a cidade era apenas a aldeia de Yperoig - abençoou Clodovil Hernandez. Ao menos era isso que acreditava o estilista. A crença no benfeitor, aliás, era tamanha, que o índio ganhou uma estátua, que fazia parte da decoração da mansão que Clodovil mantinha no município que tanto amava.

Ainda que não fosse de Ubatuba - o estilista era de Elisiário (SP) -, o local foi escolhido para ser seu paraíso particular. "Sua mansão estava entranhada em um dos mais belos cenários do país", contou a OVALE o jornalista Carlos Minuano, autor de "Tons de Clô", biografia de Clodovil, que acaba de chegar às livrarias, lançado pela BestSeller.

"Ele costurou como ninguém e teve uma extensa teia de polêmicas e controvérsias de grosso calibre. Em resumo, uma vida de contrastes, mas sempre transbordada de luxo, glamour e celebridades", disse Minuano.

Bastidores.

Pioneiro na moda do Brasil, polêmico apresentador de programas na TV e até

deputado federal, Clodovil teve uma vida intensa, marcada por grandes afetos e enormes brigas, muito luxo, glamour e sexo. E foi com esse personagem que Minuano topou em 2012, quando esteve em Ubatuba para fazer uma reportagem sobre o estilista.

"A sua mansão, na época, estava no centro de um processo judicial e ameaçada de ser demolida. Seus bens estavam todos sendo vendidos e tudo isso começou a chamar a minha atenção", afirmou o jornalista.

"Comentei com um amigo, Guilherme Fiúza (autor de "Meu Nome não é Jhonny", 2004), que comentou com o amigo dele, Carlos Andreazza, editor do grupo Record, que então me ligou e me convidou para fazer o livro".

A obra foi construída em cima de entrevistas com pessoas que conviveram com o estilista. E são inúmeras as histórias. Mesmo após a sua morte, em 2009, Clodovil continuou sendo alvo de fofocas e rumores. Até a suspeita de que foi assassinado ainda ronda a sua biografia.

"O circuito de afetos e desafetos de Clodovil é mais um desfile de celebridades, fontes essenciais na história do estilista. Adriane Galisteu e Luciana Gimenez, entre tantas outras, tiveram atritos com o estilista. Mas ele também foi querido de outros gigantes midiáticos, como Faustão e Silvio Santos. Ambos, porém, se recusaram a falar para esta biografia", revelou o jornalista na apresentação do livro.

bipolar.

Mas será que essa personalidade ácida e sincera ao extremo não era uma forma de autodefesa? "Tudo aponta que sim. E também para se fazer perceber", contou Minuano. "Mas essa 'casca', ao que parece, grudou de tal maneira, que era a mesma que ele usava eventualmente na intimidade, com pessoas próximas e queridas".

Fato é que por trás da fama, do dinheiro e do sucesso profissional, o estilista guardava algumas frustrações, como a descoberta de que era filho adotivo e a dificuldade que sempre teve com a sexualidade: não se casou e disse só ter tido um amor na vida, não concretizado.

"Mesmo com essa couraça de autodefesa, ele tinha uma espontaneidade e um bom humor que contagiava por onde passasse. Clodovil era muito verdadeiro e, embora tenha distribuído muitas bordoadas por toda a vida, também espalhou carinho, generosidade, amor e até ajuda para pessoas que mal conhecia", concluiu Minuano..

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