
A sociedade, em grande parte, é monogâmica. Ou seja, quando um casal assume um compromisso, deve se manter fiel dentro daquele relacionamento. Nos últimos tempos, porém, o chamado 'relacionamento aberto' tem ganhado espaço.
É quando existe a permissão de que um dos parceiros possa se envolver sexualmente e até afetivamente com outra ou outras pessoas, sem ser considerado traição.
Na prática, esse tipo de relacionamento pode funcionar? Para especialistas em comportamento, tudo depende do diálogo entre as partes. A psicóloga Andréa Leão, de São José dos Campos, entende que as regras devem ser muito claras.
"Sobre relacionamento aberto, ser bom ou não, dependerá muito do contrato do casal sobre isso. O que é permitido? Quais as regras? Que contrato esse? Não é porque é um relacionamento aberto que se pode tudo, né? Tem as suas fronteiras que devem ser combinadas, compactuadas", afirma.
Segundo ela, pensando nas repercussões, elas são bem similares a de um relacionamento monogâmico.
"E, claro, que isso também pode mudar? Então, uma pessoa pode desejar estar num relacionamento aberto hoje e, daqui a um tempo, não. Assim, é necessário também estar sempre conversando sobre o tipo de relacionamento", disse.
Para Andréa, o casal precisa conversar e se perguntar porque o relacionamento é aberto. "É motivado por quais premissas? O que se espera alcançar de um relacionamento aberto? Se o relacionamento aberto é o mais indicado para o perfil psicológico dos sujeitos envolvidos? Essas perguntas são muito importantes".
A especialista afirma ainda que a questão afetiva pode ser prejudicada sempre em um relacionamento, não necessariamente por estar aberto, mas pelos parceiros de alguma forma se sentirem desrespeitados, não se sentirem valorizados, se sentirem negligenciados. "Não é porque é aberto que não deve existir cuidado no relacionamento. Isso também serve para o casal monogâmico", disse.
Segundo ela, são vários os motivos que levam um casal a buscar um relacionamento aberto. "Isso tem a ver com personalidade, aspectos psicológicos, à necessidade de cada um, necessidade por sexo, entre outras", afirma Andréa.
PADRÕES.
Marcelle Portugal, psicóloga também de São José, disse que várias razões levam uma pessoa a buscar o relacionamento aberto, entre elas a quebra de padrões. "Tem muita gente que questiona a monogamia, quer a novidade, a experimentação e poder estar em um relacionamento em que te autoriza se relacionar com outras pessoas pode ser um grande atrativo".
"No amor livre entende-se que a pessoa tem uma certa liberdade, em que ela não precisa negociar tanto quanto em outras situações. Então, nós teremos várias formas de se relacionar, entre elas encontramos a relação aberta, que se entende por o casal "principal" que vai ficar com outras pessoas de uma forma mais casual", afirmou a especialista.
Segundo Marcelle, a transparência é de extrema importância, mas dentro de uma relação aberta requer mais atenção ainda. "O problema é dizer sim para o outro e não para mim, trazendo consequências como baixa autoestima, insegurança, ciúmes excessivo, cobranças, brigas e consequentemente o término da relação"..