
Parlamentar do MDB paulista, o deputado estadual Itamar Borges disse que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) é uma “evolução” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem o mandatário paulista é fiel apoiador.
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“Com certeza, o estilo tem semelhança nos pontos de vista, mas tem total diferença no comportamento, no dia a dia, no trato com a imprensa, no trato com as instituições, no trato protocolar. Eu não tenho dúvida nenhuma que ele é uma evolução”, afirmou o parlamentar, em entrevista exclusiva a OVALE.
Ex-secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, o deputado estadual esteve no Vale do Paraíba na semana passada acompanhando Guilherme Piai, atual secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, que participou de um meeting especial sobre o agronegócio promovido por OVALE, na noite de terça-feira (18), em São José dos Campos.
Na ocasião, Piai se reuniu com um grupo de 30 dos principais empresários, autoridades e líderes da RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba).
Na entrevista exclusiva, Itamar Borges falou sobre Tarcísio, sucessão presidencial em 2026, governo de São Paulo, reforma política, Vale do Paraíba e também sobre Felicio Ramuth, vice-governador e ex-prefeito de São José dos Campos.
Confira trechos da entrevista com o deputado estadual Itamar Borges.
O senhor é do MDB e está na base do governo Tarcísio. Seu partido também apoia o governo federal. Como vê essa questão?
Mas não é o MDB de São Paulo, é o MDB Nacional. O MDB de São Paulo se posicionou contrário, mas respeita a decisão do nacional e o nacional tomou um posicionamento de participar, tanto que tem três ministérios, de infraestrutura, de planejamento e das cidades, e atua de forma integrada, mas há uma resistência do nosso partido aqui no Sul e no Sudeste de compor essa aliança, até porque há algumas divergências.
Embora Tarcísio apoie Bolsonaro, ele já teve situações em parcerias com o governo federal, como na tragédia de São Sebastião, no início de 2023, e agora no anúncio do túnel Santos-Guarujá, quando esteve ao lado do presidente Lula. O senhor acha que Tarcísio tem um perfil mais conciliador, ele não é alguém da direita mais radical como Bolsonaro?
Com certeza, o estilo tem semelhança nos pontos de vista, mas tem total diferença no comportamento, no dia a dia, no trato com a imprensa, no trato com as instituições, no trato protocolar. Eu não tenho dúvida nenhuma que ele é uma evolução.
O senhor acha que ele é um nome forte para se candidatar à Presidência da República em 2026? Ou deveria se reeleger governador?
No meu ponto de vista pessoal, particular, ele é o melhor nome para concorrer à Presidência da República. O meu partido torce e trabalha por isso, já em 2026. Nós temos um compromisso, o MDB de São Paulo tem um compromisso com o governador Tarcísio, que se ele for candidato à reeleição, já estamos na coligação, e se ele não for candidato à reeleição, for para presidente, o MDB de São Paulo vai articular junto com os do Sul e do Sudeste para que a gente possa segui-lo na campanha para presidente da República.
Esse é o nosso desejo maior hoje para que a gente possa ter essa conquista. Eu acho que o Tarcísio se preparou bem para isso. Seja como ministro, seja agora como governador e com a visão que ele tem de país.
Na Assembleia, quais são as suas principais bandeiras?
O Agro sempre foi uma bandeira. Eu sou filho de produtor, sou produtor. Fui prefeito de uma cidade que o Agro prevalece, Santa Fé do Sul, onde eu nasci. Depois eu fui vereador, fui prefeito três vezes. Depois que me mudei para Rio Preto e sou deputado para Rio Preto e região, outra cidade que o Agro respira também, coincidentemente São José do Rio Preto e São José dos Campos têm o mesmo padroeiro. Portanto, eu sempre trouxe o Agro muito próximo.
Mas também eu sou filho de empresário. E aí o empreendedorismo é outra bandeira que eu atuo. A desburocratização, a liberdade econômica, fundamental para que você possa avançar em todos os aspectos. E eu sempre tenho um cunho social no meu mandato também, que são as entidades sociais e assistenciais e a Santas Casas e Hospitais Filantrópicos.
Tanto é que eu presido a Frente Parlamentar de Apoio a Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. E nós temos as duas conquistas mais recentes, uma que foi o PRO Santa Casa, que é um recurso que veio para suprir o déficit das Santas Casas. E mais recentemente, com o governador Tarcísio, com o secretário Eleuses [Paiva, da Saúde], é é a tabela SUS Paulista, que mudou a vida, virou a chave dos hospitais. Para trás ainda alguns têm herança, mas da tabela SUS Paulista para cá, todos andam equilibrados e até em condições boas de ampliar serviços. Então, essas são algumas áreas que eu tenho atuado.
E quem é municipalista como eu, que foi prefeito, você está sempre envolvido na defesa do município, você está sempre envolvido na questão habitacional, no desenvolvimento local, e tudo isso faz parte da minha atividade parlamentar, porque o parlamentar do interior, ele acaba sendo um parlamentar muito presente. E quando você está presente, você detecta na base as demandas e a gente usa muito isso para falar com o governador.
Tanto é que recentemente nós, líderes da base, permanentemente temos conversas com o governador e sempre pleiteando a ele que depois desses dois anos que ele decidiu fazer planejamento, fazer a reserva de recursos, para se preparar para esses próximos dois anos, para que possa agora ser recheado de políticas públicas, de parcerias, de convênios com os municípios, em todas as secretarias, para que possa chegar na ponta.
Uma cidade igual São José dos Campos precisa, mas ela pode buscar financiamento, outras situações. Agora uma cidade como Monteiro Lobato, a própria Lorena, que é menor, tantas outras cidades aqui na atividade da terra, onde você for aqui no Vale tem maioria de pequenas cidades, elas dependem de repasse do governo do Estado. Elas precisam desse recurso. Além das emendas parlamentares que nós temos direito.
Eu sinto que vamos viver dois anos de crescente nisso, tanto que ele já anunciou três prioridades para cada município, ele quer começar a atender pela primeira e depois atender mais duas, dentro de um valor possível de acordo com o tamanho e a população do município.
Já criou na educação programas importantes, de parceria para transporte de aluno, para melhoria e ampliação de escolas de educação infantil e fundamental, lá na infraestrutura e saneamento. Um olhar especial para financiamento de aterros sanitários, soluções de resíduos sólidos. Na saúde, o Tabela SUS Paulista fez a diferença. Na agricultura, começou com o Melhor Caminho e minha expectativa é que agora venha com maquinários e com outras parcerias para incrementar essa relação e dar suporte para os municípios.
O senhor tem ligação aqui com Vale?
Eu tenho algumas ligações aqui. Tem desde a questão de ter trabalhando comigo o Dr. Antônio Carlos, que depois que trabalhou com o Vaz de Lima eu o trouxe para trabalhar comigo. Ele me ajudou na Secretaria da Agricultura, ele tem participado de várias ações. Além disso, eu tenho uma sociedade aqui em Pindamonhangaba de criação de cavalo. Então eu tenho uma relação empresarial de um agro aqui também como produtor, mais especificamente aqui em Pindamonhangaba, e tenho uma relação muito próxima com os prefeitos. Comecei pelo meu partido e isso se estendeu.
E quando você se torna presidente de frente parlamentar e secretário de estado, você acaba estava tendo uma relação geral e isso acabou me aproximando muito. O Vale tem muito potencial, tem muito espaço para ser trabalhado e uma das coisas que me trouxe para cá é essa característica diferenciada do agro aqui, que vem da pecuária leiteira, que hoje começa a migrar um pouco para os grãos, já estamos vendo aí soja, milho, já está vindo um pouco também de confinamento, pecuária de corte. Tudo isso acaba atraindo a minha atividade parlamentar.
O senhor falou de ser prefeito. O vice-governador de São Paulo é o ex-prefeito de São José, Felicio Ramuth. O sr. o vê como uma liderança que pode pleitear ser o governador do estado?
Com certeza, o Felício ele é naturalmente. Tem os diálogos e especulações de que eventualmente o cabeça [de chapa] teria um acordo com ele agora se o governador Tarcísio for para outro caminho. Mas isso não depende só do Felicio, depende do governador Tarcísio e da composição partidária. Por isso que eu acho que ele tem uma posição muito favorável.
Eu costumo dizer que, às vezes, preservar o vice é mais fácil do que mudar, porque quando você muda você gera uma série de expectativas para outros interesses. Por outro lado, o Felicio, se o governador Tarcísio renunciar para ir para presidente, ele vira governador.
E se ele virar governador, é inegável que ele é um candidato à reeleição fortíssimo, com potencial de estar na máquina e ter a experiência política que ele tem, tanto de prefeito de São José, como de ter sido vice-governador do Tarcísio e dessa composição que tem o governo.
Num cenário hipotético, imaginando que o Tarcísio dispute a Presidência em 2026, o MDB paulista poderia apoiar o Felicio para governador de São Paulo?
Com certeza, sendo dentro do mesmo projeto e o Felicio faz parte desse projeto. São vários partidos, mas eu destacaria que alguns já têm uma composição muito forte, o próprio partido do governador, o Republicanos, o PL, o MDB, o PP, que são os quatro partidos que estão bastante alinhados já e outros que caminham para uma aproximação, que é o próprio Podemos, União Brasil, que são partidos que também vêm nesse mesmo encaminhamento.
Mas esse quarteto de partidos já tem uma aliança bem definida nesse sentido e o Tarcísio saindo [para presidente], com certeza a benção dele vai ser necessária, seja para o Felicio, seja para outro nome, para sucedê-lo, porque ele não quer ir disputar a eleição para presidente da República e ter um problema e ficar apagando incêndio aqui para trás, no estado de São Paulo. Ele precisa da pacificação aqui em São Paulo para ter tranquilidade na sua campanha de presidente. Portanto, tem que estar muito alinhada com ele essa situação.
O senhor pretende continuar na Alesp? Ou tem pretensões de tentar a Câmara Federal?
Eu gosto muito de São Paulo, eu estou no meu oitavo mandato, um de vereador, três de prefeito, quatro de deputado. E essa minha convivência com São Paulo, eu falava ontem no jantar, essa convivência minha com São Paulo ela permite o quê? Hoje eu conheço 100% da máquina, da estrutura governamental, são todos meus amigos, me relaciono muito bem, conheço como funciona o governo.
Então eu tenho muita facilidade para trabalhar como parlamentar para buscar apoio e parceria para os municípios e para identificar as parcerias possíveis dentro de cada secretaria. Não seria isso impossível em Brasília, mas tem outra situação. Eu sou um deputado muito presente na base. Eu gosto de estar aqui no Vale, eu gosto de estar ali na região de Rio Preto, onde eu moro.
Eu gosto de estar presente quando tem temas do municipalismo e quando você precisa estar convivendo com a base que foi a razão de você ter conquistado o mandato com os votos que você recebeu. E quando você está em Brasília, você fica um pouco mais distante da base. Quando você está como deputado estadual, você está mais próximo da base. Então esse é outro fator que me segura ainda como deputado estadual.
O senhor acha que o Brasil tem que começar a discutir uma reforma política, com voto distrital, para trazer os deputados mais próximos das suas bases?
Eu sou defensor do distrital misto. O distrital misto vai fortalecer muito a regionalização. Porque você vai ter uma parte eleita pelo distrital puro e você vai ter outra parte que vai optar pela somatória geral. Hoje nós temos aproximadamente 80% dos parlamentares na Assembleia Legislativa que são de São Paulo e da Grande São Paulo. Do interior são os restantes 20%, muito pouco. Por quê? Porque o voto está concentrado ali e lá no interior divide aqui, divide ali, às vezes tem uma representatividade pequena. Eu acho que isso o distrital corrige. Ele garante que você tenha a representatividade que muitas vezes numa eleição municipal para vereador garante. Com a quantidade de vereadores, é muito comum você ver vereador da causa animal, do bairro X, vereador da área social, vereador do servidor público, você consegue identificar muito a característica e o perfil. Porque o município tem um pouco dessa visão e o eleitor tem essa visão mais próxima.
Já no deputado estadual, ainda mais em tempos de rede social, em tempos de candidatos que nunca vão no município, mas que chegam através da rede social e conquistam por bandeiras, por temas, por opiniões, por posicionamento. O voto acaba levando uma grande parte das cadeiras e deixando regiões e cidades com pouca representatividade parlamentar ou sem nenhuma representatividade parlamentar e você tem muitas cidades de médio e grande porte que não tem representação parlamentar.