POLÍTICA

Flávio Paradella: Teste de Infidelidade

Por Flávio Paradella | Especial para a Sampi Campinas
| Tempo de leitura: 3 min
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Suplente Marco Antônio Villa quer a cassação de Carlos Sampaio
Suplente Marco Antônio Villa quer a cassação de Carlos Sampaio

Carlão saiu do PSDB, mas o antigo partido teima em rodear o influente parlamentar. Agora Carlos Sampaio vai passar por um processo por infidelidade partidária, algo que o próprio parlamentar disse quando migrou para o PSD de Gilberto Kassab não ser provável pois deixava o ninho tucano com a anuência da diretoria executiva.

Porém o suplente Marco Antônio Villa (Cidadania), aquele mesmo, historiador e comunicador que vociferava contra o PT e Lula no auge da Lava Jato, quer o mandato para ele e argumenta que Carlão não consultou a Federação PSDB-Cidadania e por isso deve perder o cargo por infidelidade.

Apesar do deputado falar que está “sereno” e que percorreu todos os trâmites jurídicos, sem sombra de dúvida é uma ‘dor de cabeça’ que o político campineiro não gostaria de enfrentar, mas que no âmago é resquício da horrenda disputa pelo poder dentro do PSDB, que ao partido que já foi protagonista nacional vai rendendo o papel de figurante na política do país.

A tese de Marco Antonio Villa vai vingar? Existe um argumento crível, mas neste momento é impossível cravar qualquer prognóstico. Villa diz que Carlão foi liberado pelo PSDB (ou parte dele), mas não pela Federação PSDB-Cidadania. De qualquer modo, quem manda no colegiado de partidos é o próprio PSDB, que mantém os principais postos de comando.

Comentando o imbróglio com um amigo ele fez uma provocação: será que Carlão perde? Seria uma derrota dolorosa e dolosa, afinal foi Carlos Sampaio quem buscou outra legenda e gerou a possibilidade, para o deputado de seis mandatos consecutivos. Porém, devolvi o questionamento com outra pergunta: será que Gilberto Kassab perde? Improvável que o poderoso, articulado e influente dono do PSD sofra um revés na manobra política que trouxe um dos mais importantes deputados do país para o partido. Agora é esperar as cenas dos próximos capítulos.

Poeira mais baixa

O andamento da Comissão Processante contra a vereadora Paolla Miguel (PT) segue os trâmites burocráticos da Câmara, mas a poeira está bem baixa. A vereadora voltou à agenda normal com movimento estudantil e atos como desta última quarta-feira, dia do trabalhador.

Nos bastidores do legislativo, as apostas são que o relator Gustavo Petta (PCdoB) deva aceitar os argumentos de defesa prévia que Paolla tem até o dia 13, sem ironia, para entregar e propor o arquivamento da Comissão Processante. Vejamos se a poeira também diminuiu com o restante dos colegas da Câmara.

Lula nem aí

Um evento que contava com a organização das centrais sindicais em São Paulo para celebrar o 1º de Maio acabou se transformando em um espaço aberto para campanha eleitoral antecipada.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo por votos e referiu-se explicitamente ao ainda pré-candidato à Prefeitura, Guilherme Boulos (PSOL), como candidato, durante um comício no estádio do Corinthians, na zona leste.

Esse tipo de solicitação é proibido pela legislação eleitoral. Lula pode ser multado com valores que variam de R$ 5 mil a R$ 25 mil.

O que me chama a atenção é o quão desnecessário foi Lula pedir votos para uma plateia, bem aquém da expectativa de presença, que já vai votar de qualquer maneira em Boulos. Falou para a bolha e ainda corre um grande risco de ser multado.

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Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada na Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br

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