TRAGÉDIA

Prefeitura tem contrato de R$ 2,7 mi com pensão que incendiou em Porto Alegre

A unidade que pegou fogo é uma das três filiais da Pousada Garoa; pensão não tinha alvará do Corpo de Bombeiros

Por Lorena Barros e Hygino Vascincellos | 26/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min
da Folhapress

Cesar Lopes/ PMPA

Incêndio deixou 10 mortos na madrugada desta sexta-feira (26), em Porto Alegre
Incêndio deixou 10 mortos na madrugada desta sexta-feira (26), em Porto Alegre

A Prefeitura de Porto Alegre e a Pousada Garoa, dona da pensão onde um incêndio deixou 10 mortos na madrugada desta sexta-feira (26), tem um contrato ainda em vigor no valor de R$ 2.705.379,96. O aditivo de contrato foi assinado em dezembro de 2023. O documento, ao qual o UOL teve acesso, mostra que o novo contrato era válido por 12 meses e a empresa receberia R$ 225.448,33 por mês.

O contrato com a prefeitura foi assinado com empresa matriz. A unidade que pegou fogo é uma das três filiais da Pousada Garoa em Porto Alegre. O primeiro contrato da pousada com prefeitura é datado de 2020 no valor de R$ 197.964. O documento estabelece que as acomodações eram voltadas para atender a Fasc (Fundação de Assistência Social e Cidadania - ligada à prefeitura - "para o enfrentamento das consequências sociais causadas pela pandemia do novo coronavírus".

A prefeitura assinou sete contratos e aditivos com pousada. Em consulta realizada pelo UOL, foi possível ver que renovações de seis em seis meses foram feitas em valores que variam de R$ 140 mil a R$ 3,1 milhão.

A licitação de 2022 previa até 450 vagas nas unidades da rede, por um período de 12 meses, a um custo de no máximo R$ 3.186.000. A fiscalização dos locais ficava a cargo da Fasc.

Documento da prefeitura apontava que o espaço atendia qualificação técnica necessária para licitação. Datado de 2022, outro documento ao qual o UOL teve acesso diz que a pousada se enquadra no "Sistema de Classificação de Meios de Hospedagem". Em outra documentação, de 2020, a prefeitura aponta que a pousada apresentou "alvará de licença vigente para estabelecimento de hospedagem".

A pensão não tinha alvará do Corpo de Bombeiros. Segundo o tenente-coronel Lúcio Junes da Silva, o espaço não tinha Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios.

O prefeito informou que documentos do convênio serão analisados. Na cena do incêndio, Sebastião Melo conversou com jornalistas e confirmou que uma licitação formalizou o convênio do estabelecimento com a prefeitura. "A prefeitura vai aportar todos os documentos que tem na Fasc [órgão responsável pelos contratos]", disse. Segundo o prefeito, a relação da prefeitura com a empresa ocorre desde 2017.

R$ 550 por quarto por mês
Pousada funcionava em dois prédios e parte dos quartos era reservada para prefeitura. Segundo a CNN, o edifício que pegou fogo tinha 30 quartos e 16 eram usados no convênio com a Fasc, ligada ao Executivo Municipal. No prédio ao lado havia mais 30 quartos - desses, 15 eram usados pela prefeitura.

Quartos custavam R$ 550 por mês, segundo anúncio em frente à pousada. "Procurando economia em moradia? Quarto mobiliado e individual para solteiro" dizem os banners na calçada.

Prefeitura pagava R$ 18,53 por vaga/dia, aponta análise técnica da Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio, de dezembro de 2022. O documento liberou a empresa a participar de licitação e consta no aditivo contratual de 2023. "Realizamos consultas aos Portais e NÃO foram encontradas ocorrências impeditivas de participação e habilitação da empresas Pousada Garoa - Eireli", diz o documento.

Receba as notícias mais relevantes de Vale Do Paraíba e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.