REPERCUSSÃO

‘Não tem a menor relevância para o país ter acesso a armas e munições’, diz José Vicente

Ex- secretário nacional de Segurança Pública critica política que flexibilizou o acesso a armas no Brasil

Por Xandu Alves | 21/12/2023 | Tempo de leitura: 2 min
São José dos Campos

Reprodução / Redes Sociais

Policial civil Milene Estevam, morta no último sábado (16)
Policial civil Milene Estevam, morta no último sábado (16)

O coronel José Vicente da Silva Filho, que é da reserva da Polícia Militar de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública, criticou a política que flexibilizou o acesso a armas no país, especialmente para os chamados CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores), durante entrevista ao UOL News.

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A categoria foi beneficiada durante o governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL), que flexibilizou o acesso a armas no Brasil.

Em entrevista à Folha, José Vicente refletiu sobre a morte da policial civil Milene Estevam, 39 anos, baleada pelo empresário Rogério Saladino, 56 anos, no último sábado (16), em São Paulo, em frente à casa de Saladino no bairro Jardim América, na zona oeste de São Paulo.

Ela e outro policial civil investigavam furtos na região quando bateram na casa do empresário para pedir acesso às câmeras de segurança. Saladino, que não era investigado, teria achado que se tratava de falsos policiais e atirou contra Milene e o parceiro. Ela foi socorrida e morreu na Santa Casa de São Paulo. Saladino e um vigilante da casa também morreram.

O empresário tinha passagem anterior por homicídio e lesão corporal em decorrência de um atropelamento ocorrido na estrada de Natividade da Serra. Ele também tinha passagem por crime ambiental.

“Se ele [o funcionário do empresário] era CAC ou não, essa é uma das tantas tragédias que existem e vão continuar existindo porque a liberalidade do acesso às armas para pessoas despreparadas, que não basta atirar no alvo, no barranco ou no estande de tiro para qualificar o indivíduo ao uso da arma. Estamos ampliando o potencial de tragédia desse tipo”, disse José Vicente ao UOL News.

Ele criticou o “prestígio” que caçadores, atiradores e colecionadores ganharam no país para comprar armas.

“Não vejo a menor utilidade, em um país violento como o Brasil, que tem menos armas e mata mais que os Estados Unidos, ter categorias tão prestigiadas como caçadores, atiradores e colecionadores. Não têm a menor relevância social para a sociedade e para o país, ter tamanho prestígio e possibilidade de acesso a uma quantidade enorme de armas e munições.”

E completou: “Além de crimes como esses, tem problemas e incidentes domésticos devido às armas que aparecem em grande quantidade, sem contar o desvio para grupos de criminosos. Esse é o lado trágico para a liberalidade de armas”.

Sobre o caso de Saladino, José Vicente disse que era uma pessoa que tinha “indiciamento por homicídio e agressão, que são manifestações criminais graves”.

“No entanto, não houve o cuidado de quem tomou a decisão judicial para que ele cumprisse o processo em liberdade de pedir o cautelamento e a entrega das armas dele.”

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