AVIAÇÃO

Em meio a litígio com empresas, Boeing inaugura Centro de Engenharia em São José

Empresa também assinou um Memorando de Entendimento de Cooperação Tecnológica com governo do estado de São Paulo

Por Da redação | 16/10/2023 | Tempo de leitura: 5 min
São José dos Campos

Divulgação / Claudio Vieira / PMSJC

Lançamento do Centro de Engenharia e Tecnologia da Boeing
Lançamento do Centro de Engenharia e Tecnologia da Boeing

A Boeing escolheu São José dos Campos para abrir o seu Centro de Engenharia e Tecnologia no Brasil. A cidade abriga unidade da empresa desde 2014, no Parque Tecnológico.

O centro é um dos 15 da companhia espalhados pelo mundo que desenvolvem tecnologia de ponta para impulsionar a inovação aeroespacial. Os cerca de 500 engenheiros da Boeing baseados no Brasil trabalham em várias áreas dando suporte para diversos tipos de aeronaves, atuais e futuras.

"A parceria de longa data da Boeing com o Brasil remonta a mais de 90 anos e, durante esse período, colaboramos com a indústria aeroespacial e a comunidade brasileira para aproveitar as incríveis habilidades técnicas e capacidades de resolução de problemas dos engenheiros brasileiros", disse Lynne Hopper, vice-presidente de Engenharia, Estratégia e Operações da Boeing.

"Sua expertise fortalece nosso compromisso com a excelência em engenharia e nos posiciona para enfrentar os desafios da próxima geração em nossa indústria."

LITÍGIO

A Boeing é alvo de uma ação civil pública movida, desde novembro do ano passado, pela Aiab (Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil) e pela Abimde (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança).

As entidades acusam a empresa norte-americana de cooptar engenheiros brasileiros para seus quadros.

Somente a Embraer já teria perdido 120 profissionais para a fabricante, movimento considerado incomum num mercado altamente competitivo e que busca blindar suas equipes técnicas.

“A Embraer tem perdido, em média, cerca de 10 profissionais altamente especializados por mês para a empresa norte-americana. São profissionais com muitos anos de experiência e de substituição impossível”, disseram Julio Shidara e Roberto Gallo, presidentes das entidades.

Procurada por OVALE, a empresa não comentou a ação. “Como empresa global, estamos comprometidos em atrair e desenvolver os melhores talentos nos Estados Unidos e em todo o mundo para atender à demanda global por nossos produtos e serviços aeroespaciais”, informou a companhia.

INVESTIMENTOS

Durante o evento de inauguração em São José dos Campos, na semana passada, a Boeing divulgou uma série de novos investimentos estratégicos no Brasil.

A empresa assinou um Memorando de Entendimento com o governo do estado de São Paulo com foco no desenvolvimento tecnológico aeroespacial. Entre os principais objetivos, estão o de desenvolver a capacitação em engenharia aeroespacial, incluindo na educação voltada à ciência, tecnologia, engenharia e matemática; promover uma agenda conjunta de industrialização e inovação; e aprimorar e fortalecer o fluxo de talentos em todo o ecossistema aeroespacial, com foco específico no aumento da diversidade.

“São Paulo tem todas as condições de fortalecer o desenvolvimento tecnológico aeroespacial, importante segmento que movimenta a economia paulista. Com isso, queremos gerar mais emprego e renda para nosso estado, um dos principais propósitos da parceria com a iniciativa privada, diretriz do governador Tarcísio de Freitas”, disse Jorge Lima, secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo.

Juntamente com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a Boeing anunciou um financiamento de projeto de sustentabilidade que estende a parceria para desenvolver a terceira fase do banco de dados SAFMaps que permite entender a viabilidade dos insumos mais promissores para produção de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na siga em inglês) em áreas específicas no Brasil.

“Apoiado pela Boeing, o desenvolvimento do SAFMaps como uma inovadora plataforma web da Unicamp está focado em ajudar a acelerar a produção de SAF no Brasil. O projeto, liderado pela universidade, inclui atualmente 13 estados brasileiros com maior potencial de produção de biomassa. Integra também informações essenciais sobre potenciais matérias-primas, alinhando-se assim às regulamentações internacionais que visam reduzir as emissões de gases de efeito estufa com o objetivo de alcançar uma aviação ainda mais sustentável”, disse Arnaldo Walter, professor de Engenharia Mecânica e líder do projeto.

ESTÁGIO

A Boeing também anunciou o primeiro programa de estágio da empresa no Brasil, voltado para estudantes do último ano de engenharia. Os estagiários aplicarão conhecimentos por meio de projetos em um ambiente global e multicultural, com orientação de profissionais experientes. A iniciativa está alinhada com a estratégia global da empresa de contribuir para a excelência em engenharia nos países onde atua.

“Queremos oferecer o melhor programa de estágio do Brasil para estudantes que desejem construir uma carreira sólida e de destaque na indústria aeroespacial. O Brasil tem um rico histórico na aviação, contando com universidades que são referência no setor de engenharia”, afirmou Humberto Pereira, diretor do Centro de Engenharia e Tecnologia.

A Boeing informou que, ao longo dos anos, tem colaborado com o fortalecimento do ecossistema aeroespacial do Brasil em várias frentes, como a obtenção de mais de 30 patentes através da equipe do Centro de Pesquisa da Boeing desde sua instalação no país em 2012.

INVESTIMENTOS

A empresa também investiu mais de US$ 5 milhões em parcerias com instituições voltadas ao ensino de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, impactando cinco milhões de estudantes e treinando milhares de professores.

Na área de sustentabilidade, a Boeing trabalha há mais de dez anos em colaboração com universidades, instituições públicas e organizações não-governamentais para viabilizar a descarbonização do setor aeroespacial.

Esse trabalho tem foco especial em combustíveis sustentáveis de aviação, reconhecendo o papel pioneiro e expertise do país em biocombustíveis.

A empresa também investiu US$ 2 milhões em iniciativas que maximizam benefícios sociais, econômicos e ambientais para as comunidades envolvidas no desenvolvimento de matérias-primas para produzir combustíveis sustentáveis de aviação.

“Nossos investimentos no Brasil são amplos e refletem o fato de que a Boeing considera o país um parceiro estratégico para solucionar alguns dos maiores desafios da indústria aeroespacial do mundo”, disse Landon Loomis, presidente para América Latina e Caribe e Vice-Presidente de Políticas Globais da Boeing.

“Ao expandir nossa colaboração com o Brasil, o país também poderá desempenhar um papel ainda mais relevante no atendimento à demanda global por aviões nos próximos 20 anos, que estimamos ser de US$ 8 trilhões.”

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