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INVESTIGAÇÃO
Áudios revelam que aliados de Bolsonaro tramavam usar 1.500 militares em golpe
Conversas entre o ex-major do Exército Ailton Barros e o coronel Elcio Franco, ex-número 2 de Bolsonaro, revelam trama para usar 1.500 militares em golpe de Estado
Por Da redação | 13/05/2023 | Tempo de leitura: 2 min
São José dos Campos
Divulgação / Júlio Nascimento / PR
As fitas do golpe.
Novas mensagens de áudio que integram o inquérito da PF (Polícia Federal) contra o ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, revelam camadas extras da trama golpista que culminou na tentativa frustrada de golpe de Estado em 8 de janeiro deste ano, em Brasília.
Esses novos áudios mostram que o ex-major do Exército Ailton Barros e o coronel Elcio Franco, que foi secretário-executivo do Ministério da Saúde na gestão de Eduardo Pazuello, debateram possibilidades para um golpe de Estado, logo após Bolsonaro perder as eleições para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O esquema incluía a mobilização de 1.500 militares. O material foi revelado pela CNN Brasil.
Mauro Cid, que também foi ajudante de ordens de Bolsonaro, é investigado no esquema de fraude nos dados do cartão de vacinação contra a Covid-19, além do caso das joias sauditas, apreendidas no Aeroporto de Guarulhos.
Franco, considerado o ex-número 2 do Ministério da Saúde e assessor da Casa Civil, estaria no centro da trama golpista. Ele sabia do caso e sugeriu mobilizar 1.500 homens do exército para conseguir aplicar um golpe de Estado, atingindo de morte a democracia brasileira.
Em conversa com o ex-major Ailton, Franco revelou o medo do então comandante do Exército, Freire Gomes, de ser responsabilizado por uma eventual tentativa de golpe.
Ambos também pensavam em suplantar Gomes, usando o Batalhão de Operações Especiais do Exército.
Em um trecho da conversa obtida pela PF, o coronel Franco fala com Ailton: “Olha, eu entendo o seguinte: é Virgílio [comandante de um batalhão do Exército]. Essa enrolação vai continuar acontecendo”.
Em seguida, ele começa a confabular sobre como o comandante do Exército poderia se defender, caso fosse descoberto.
“O Freire [Gomes] não vai. Você não vai esperar dele que ele tome à frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer, morrer de pé junto, porque ele tá mostrando. Ele tá com medo das consequências, pô. Medo das consequências é o quê? Ele ter insuflado? Qual foi a sua assessoria? Ele tá indo pra pior hipótese. E qual, qual é a pior hipótese?”.
Elcio diz: “Ah, deu tudo errado, o presidente foi preso e ele tá sendo chamado a responder. Eu falei, ó, eu, durante o tempo todo [ininteligível] contra o presidente, pô, falei que não, não deveria fazer, que não deveria fazer, que não deveria fazer e pronto. Vai pro Tribunal de Nuremberg desse jeito. Depois que ele me deu a ordem por escrito, eu, comandante da Força, tive que cumprir. Essa é a defesa dele, entendeu? Então, sinceramente, é dessa forma que tem que ser visto".
Em outro trecho da conversa, Ailton declara a Franco: “[É preciso convencer] o general Pimentel. Esse alto comando de m… que não quer fazer as p…, é preciso convencer o comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia a prender o Alexandre de Moraes. Vamos organizar, desenvolver, instruir e equipar 1.500 homens”.
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