AVIAÇÃO

Embraer é protagonista da agenda de Lula no exterior: negócios na China e Portugal

Embraer foi protagonista na viagem de 14 dias que o presidente Lula fez ao exterior; fabricante anunciou acordo estratégico em Portugal e pode fechar venda de aviões na China

Por Xandu Alves | 30/04/2023 | Tempo de leitura: 3 min
São José dos Campos

Divulgação

Lula e o primeiro ministro de Portugal, António Costa, ao lado do KC-390 da Embraer comprado pelo país europeu
Lula e o primeiro ministro de Portugal, António Costa, ao lado do KC-390 da Embraer comprado pelo país europeu

Com sede em São José dos Campos e atuação global, a Embraer foi a protagonista da primeira viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao exterior fora do continente americano, entre 12 e 26 de abril, que incluiu a China, Emirados Árabes Unidos e Europa (Portugal e Espanha).

No país asiático, a expectativa era de que Lula anunciasse a venda de 20 aeronaves comerciais da Embraer para companhias chinesas, o que acabou não ocorrendo.

OVALE apurou que o negócio está muito perto de ser fechado e deve ser anunciado nas próximas semanas.

De acordo com o site Metrópoles, que acompanhou a viagem de Lula à China, o presidente e CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, comentou em Pequim que o negócio já estava acertado e só não ocorreu por conta do adiamento da viagem de Lula, por motivos de saúde.

O presidente brasileiro adiou a viagem ao país asiático de março para abril por conta de uma pneumonia.

Gomes Neto já disse em várias ocasiões que o mercado asiático é fundamental para os planos de crescimento da Embraer no mundo, que projeta um mercado de 10,9 mil novos jatos de até 150 assentos nas próximas duas décadas, estimados em US$ 650 bilhões – R$ 3,25 trilhões na cotação atual do dólar.

Desse total de aeronaves, 8.670 são jatos comerciais cujo destino deve ser, especialmente, a América do Norte (31,6% do mercado), Ásia-Pacífico (25,7%) e Europa (26,8%). Ou seja, a China tem papel preponderante no mercado futuro para a Embraer.

Vender jatos para a China vai encerrar um hiato de cinco anos sem encomendas de empresas aéreas chinesas para a Embraer, que já obteve a certificação para operar o modelo E190-E2 no país asiático, algo que nem a Airbus conseguiu com o A220.

“A Embraer se colocou numa posição de protagonista entre as empresas que estavam acompanhando o presidente nas viagens, principalmente na China e Portugal”, disse Marcos Barbieri, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e especialista em indústria aeroespacial.

“Na China, a Embraer procura reabrir esse mercado, que é importante para a companhia. E a boa relação entre os governos é fundamental para retomar esse mercado.”

Em Portugal, durante a visita de Lula, a Embraer anunciou acordo para produzir o avião militar A-29N Super Tucano no país europeu, em versão que atenderá aos requisitos da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

O acordo foi anunciado em um evento que contou com a presença de Lula e do primeiro ministro de Portugal, António Costa.

Portugal é parceiro da Embraer no desenvolvimento do cargueiro militar KC-390 e primeiro comprador do avião, depois do Brasil.

“Voei com o primeiro ministro de Portugal, António Costa, no KC-390, cargueiro da Força Aérea portuguesa, produzido em parceria entre a OGMA e a brasileira Embraer. Exemplo de parceria industrial entre nossos países”, escreveu Lula nas redes sociais.

Para Marcos Barbieri, o acordo com Portugal é fundamental para posicionar a Embraer estrategicamente no mercado europeu.

“A unidade da Embraer em Portugal [OGMA] atua como empresa europeia, com acesso a benefícios que as empresas de lá têm”, disse o especialista.

“Por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia, os países da Europa têm aumentado os gastos em defesa. É uma oportunidade de ofertar o KC-390, que já foi vendido para a Hungria e Holanda. Agora tem a oportunidade de colocar um produto [Super Tucano] a um custo baixo, de uma nova versão que tem um grande mercado por lá, a partir de Portugal. Estamos entrando muito bem agora no mercado europeu com os produtos de defesa da Embraer, depois dos aviões comerciais.”

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